Maria Lamas (1893-1983) nasceu em Torres Novas, no dia 6 de Outubro de 1893.
Assistindo às duas guerras mundiais e ao desespero do
espectro de um conflito nuclear, nos anos 50, Maria Lamas assumiu a militância pela Paz:
proferiu conferências, esteve na fundação da Comissão Nacional para a Defesa da
Paz e foi membro do Conselho Mundial da Paz (CMP), o que lhe abriu as portas
para a participação em diversos congressos no
estrangeiro.
Devido à sua intensa atividade cívica e política, foi
várias vezes presa pela PIDE, tendo-se refugiado na Madeira (nos anos 50) e,
depois, em Paris (1962-1969). No exílio, recebia portugueses de todos os
quadrantes sociais (intelectuais, artistas, políticos e emigrantes económicos),
mantendo uma vasta rede de amigos, que eram também os companheiros da luta
contra ditadura.
Tinha 80 anos quando se deu o 25 de Abril de 74.
Viveu intensamente a revolução dos cravos, como vivera, aliás, toda a sua vida. Sentia-se
jovem e capaz de fazer parte de um novo futuro democrático, livre.
Maria Lamas morreu no dia 6 de Dezembro de 1983,
deixando o legado intemporal do seu modo fraterno de estar entre os seus que, na
realidade, eram todos os cidadãos. Entre outros projectos, foi autora de vários livros - entre os quais os romances A Ilha Verde e Para além do Amor - , criou revistas infantis e dirigiu a Modas e Bordados (entre 1928 e 1947), revolucionando a linha editorial da revista ao transformá-la num espaço para "escutar" as mulheres, num movimento silencioso e subtil de transformação das portuguesas. Em 1947, empreendeu uma grande viagem pelo país em busca das suas «irmãs portuguesas»: a edição do retrato social As mulheres do meu país (1948-50) foi a sua resposta à indiferença do governo em relação à condição feminina e à extinção do Conselho Nacional das Mulheres Portuguesas, que presidiu entre 1945 e 1947.
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