Isto é muito recorrente na Polónia quando uma mulher assume um cargo político e público: logo uma
grande parte dos media suspeitam algo
fora do normal – se a mulher é bonita, ainda pior porque qualquer ginástica que
ela fizesse, NUNCA contam as suas qualidades e capacidades, mas sim a beleza
que capta atenção desviando-a do que é importante: eficácia e competências.
Estuda-se em pormenor o “passado” da mulher e se por acaso ela era
modelo, logo desconfia-se da capacidade de decisão e inteligência. Faz-me
pensar na cultura horrível americana onde o passado dum/a político/a logo dificulta o futuro.
O que cria desconforto aos muitos homens na Polónia (políticos,
jornalistas, etc.) é que uma MULHER entrou num campo reservado aos HOMENS:
desporto, ou melhor dizer – futebol. Serão feitos todos os esforços para
desacreditar a mulher apontado todas as fraquezas reais ou imaginárias.
O argumento que ela não sabe nada sobre desporto faz-me rir à gargalhada,
porque já vi tantos políticos polacos super incompetentes que mudavam os cargos
que nada tinham a ver com as suas “competências” e experiência, mas ninguém
ousou dizer nada porque, como eram homens, à partida eram competentes…
Para vos dar mais um pormenor sobre a Ministra Joanna Mucha: há um mês
explodiu uma “bomba” quando ela, numa entrevista na televisão, disse ao
jornalista que quer ser tratada como “senhora ministra” (em polaco,
supostamente, não existe uma palavra “ministra” no feminino, só “minister” no
masculino). Não houve nenhum órgão de imprensa que não dedicasse pelo menos uma
página por dia ao assunto. Centenas de “especialistas” pronunciavam-se sobre o
termo correto ou não, os linguistas escreviam as cartas abertas acerca de
pureza da língua polaca apontando a incompetência linguística da MINISTRA (LOL)
mas o que ela queria, e eu achei muito acertado, era fazer as pessoas prestar
atenção que a invisibilidade de mulheres na língua significa a invisibilidade
delas na vida política e pública! Ou seja, a invisibilidade na língua - quando ela não é inclusiva - ilustra a mesma invisibilidade de mulheres noutras áreas da vida - política, cultural, etc..
Concordo com ela 100% porque a língua é um ser vivo e deve “responder” às mudanças mentais, culturais e sociais duma sociedade. Mas a intenção da ministra Mucha foi distorcida e considerada uma piada de mau gosto.
Concordo com ela 100% porque a língua é um ser vivo e deve “responder” às mudanças mentais, culturais e sociais duma sociedade. Mas a intenção da ministra Mucha foi distorcida e considerada uma piada de mau gosto.
O jornalista Luciano Santos acabou também por não fazer o seu
trabalho devidamente, porque o seu artigo lembra-me mais os mexericos mal
contados do que o trabalho dum jornalista de qualidade, que se apoie em fontes
concretas.
Natalia Telega
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