31.12.07

l u z


Boas entradas e um ano promissor! na cidade das mulheres já se vê a luz ao fundo do túnel... é 2008 que se aproxima. Em jeito de despedida de 2007, deixo aqui um poema, «Exercício espiritual», de Mário Cesariny, que povoa o mais belo dos cartões de Natal que recebi.
«É preciso dizer rosa em vez de dizer ideia
é preciso dizer azul em vez de dizer pantera
é preciso dizer febre em vez de dizer inocência
é preciso dizer o mundo em vez de dizer um homem

É preciso dizer candelabro em vez de dizer arcano
é preciso dizer Para sempre em vez de dizer Agora
é preciso dizer O Dia em vez de dizer Um Ano
é preciso dizer Maria em vez de dizer aurora».

happy new year

24.12.07

Toma e embrulha III

Um feliz natal para todas/os! E uma nota de agradecimento para quem visita a cidade das mulheres, e que 2008 seja um bom ano, com saúde, paz, trabalho e muito amor. Auguri!

Cristina L. Duarte








22.12.07

Toma e embrulha II


































Mais sugestões de Natal: poéticas, feministas, deliciosas, como a poesia de Judith Teixeira, ou a mais recente edição da revista semestral Faces de Eva (cuja capa pertence neste número à escritora italiana Elsa Morante; a próxima capa caberá a uma portuguesa, como é hábito na linha editorial deste grupo de investigação da FCSH/UNL) ou ainda os deliciosos biscoitos açorianos, «os micaelenses». Neste capítulo há ainda o magnífico chá da Gorreana, para todos os gostos: orange pekoe, verde, preto. Para quem gostar de oferecer prendas que dão inspiração.

21.12.07

Lula Pena




Daqui a pouco, pouquinho, no ccb, lula pena, primeira parte de Wordsong. até jáááá! Procurem o seu CD [Phados] de 1998, mas pode ser difícil de o descobrir. Esperamos novo registo para 2008? Sim.

19.12.07

Toma e embrulha



Sugestões natalícias, estrelícias, embrulhadíssimas, em afectos de cores várias, às bolinhas vermelhas, besuntadas em azevias de grão, a escorrer papos de anjo, sonhos e mais sonhos.

14.12.07

Beatriz Costa

O dia não podia terminar sem A Cidade das Mulheres anunciar alto e bom som que se celebra hoje, dia 14 de Dezembro, o centenário de nascimento de Beatriz Costa, desaparecida a 15.04.1996. A grande actriz portuguesa, Beatriz da Conceição, nascia a 14.12.1907, na Charneca do Milharado, em Mafra.
«Agulha e o Dedal», em A Canção de Lisboa.

11.12.07

Fernanda Botelho

«Se eu morresse hoje, sentir-me-ia bem de bem-de-morrer, de tal modo me sinto mal de mal-de-viver.»
Fernanda Botelho, O Baile dos Benditos - Necrofilia, in Gritos da minha dança - Inéditos, Presença, Lisboa, 2003.
Morreu hoje a escritora Fernanda Botelho, com 81 anos. Ficcionista e poeta, Fernanda Botelho foi autora de várias obras, entre as quais A gata e a fábula (1960), Esta noite sonhei com Brueghel (1987), As contadoras de histórias (1998), com o qual venceu o Grande Prémio do Romance, e Gritos da minha dança (2003), a sua última obra publicada.

7.12.07

«Génese e Cinema»

O confronto II

Por Catarina Frade Moreira

Anatomia do Inferno é um filme [de Catherine Breillat] sobre a libertação da Mulher. A Mulher do filme assume-se desde logo como sujeito sexual, como sujeito de desejo. Contra a sistemática negação da existência de um desejo sexual feminino, reflectida também na arte, a Mulher ambiciona demonstrar ao Homem que tem desejo e que o seu corpo, a sua nudez e o seu sexo não são obscenos e temerosos. Para isso, de modo a demonstrar a não obscenidade da sua pessoa, apresenta-se durante quase todo o filme, e nas quatro noites em que o Homem a visita, completamente exposta, magnificamente desnudada. Se as roupas foram ao longo do tempo usadas para cobrir a nudez e esconder as “vergonhas” restringindo o corpo e conformando-o, a Mulher de Anatomia do Inferno decide expor a sua nudez. E é mediante esta exposição que o que outrora foi obsceno deixa de o ser, numa pose simultaneamente de afronta e total abandono. Nessas noites, a Mulher está praticamente confinada à Cama, se bem que a observemos por vezes no corredor, abrindo a porta ao Homem, ou na casa-de-banho, na sanita.
A Cama é um dos elementos simbólicos do filme. Representa, por um lado, uma prisão. É feita de ferro, verde, e quer na sua cabeceira quer nos seus pés várias grades ou barras de ferro conferem a sensação de aprisionamento. Neste sentido, e dado que as barras que compõe a Cama constituem um elemento fálico elas reforçam a ideia do jugo da Mulher pelo falo, pela autoridade patriarcal. O falo é então o signo de poder da cultura. Por outro lado, a Cama simboliza a Cruz - composta por duas barras cruzadas - onde Cristo foi crucificado. E, assim, há inegavelmente um paralelismo entre a Mulher e Cristo. Aliás, na parede do quarto da Mulher existe a figura de um Cristo pregada na parede. Este adereço cénico serve para tornar essa comparação ainda mais rígida funcionando como um espelho da Mulher. Na segunda noite de visita, este paralelismo torna-se mais acutilante devido à sucessão de imagens entre o crucifixo na parede - Cristo na cruz ferido e sangrando na cabeça, mãos e pés – e a Mulher na cama, ferida no pulso e sangrando devido à sua menstruação. De salientar ainda que nesta sucessão de imagens também o Homem possui ao pescoço um fio com uma cruz, o que poderá também legitimar e reforçar o elemento comparativo entre a Mulher e Cristo.
A postura da Mulher é, desde o início, uma postura sacrificial, masoquista sem dúvida, mas altiva, e por isso de não vitimização. O espectro da sua morte está ao longo do filme sempre latente, e ela sabe-o. A Mulher sabe que o jogo que propôs terá consequências radicais. Ela não sairá incólume, pois reivindicar o desejo sexual e expor aquilo que é socialmente considerado obsceno -o corpo e o sexo - demonstrando ao Homem que a sua libertação e crescimento passam pela identificação com a Mulher e não pelo antagonismo, desprezo e humilhação, é algo de profundamente revolucionário e audacioso. A violência é sempre o último recurso para quem sabe ter perdido o seu poder e a sua estrutura identitária, a consciência de si. Até a intimidade se estabelecer entre ambos a única opção possível, ou forma de linguagem, ao Homem é a violência. Na madrugada da segunda visita do Homem à Mulher, esta diz-lhe:

Mulher: Last night you wanted to kill me. You fought that urge a long time.
Homem: How do you know?
Mulher: It’s an urge all men have. That’s how they are. That’s why they lie beside us. The veils they adorn us with ritually, anticipate our shrouds. But you’re not part of that. You know nothing of it. You don’t know the harm you could do.


[A Cidade das Mulheres retoma a publicação do trabalho de CFM sobre o filme da cineasta Catherine Breillat, Anatomia do Inferno. Ver cont. «Génese e Cinema III - 25.06.2007]

6.12.07

A imagem, o espaço e o corpo



Inaugura amanhã em Lisboa, na Fábrica Braço de Prata, pelas nove da noite, uma exposição de fotografias de Maria José Palla, sobre o corpo e o espaço. A não perder. De vista.

3.12.07

«Flores de perdição»


Cultura a Norte

No próximo dia 6 Dezembro pelas 18h30, no Porto, Fundação Engenheiro António Almeida (R.Tenente Valadim, 231) será feita a apresentação do livro «Uma História para o Futuro – Maria de Lourdes Pintasilgo» da autoria de Luisa Beltrão e Barry Hatton, com a presença de Ana Luisa Amaral - dois dias mais tarde a professora Ana Luísa Amaral irá ler poemas da sua autoria e será entrevistada pela Professora Doutora Rosa Martelo, numa sessão cultural que ocorrerá então dia 8, às 18:30, na Fundação Eugénio de Andrade (R. do Passeio Alegre, 584).

Casa na Chuva
A chuva, outra vez a chuva sobre as oliveiras.
Não sei porque voltou esta tarde
se minha mãe já se foi embora,
já não nem à varanda para a ver cair,
já não levanta os olhos da costura
para perguntar: Ouves?
Ouço, mãe, é outra vez a chuva,
a chuva sobre o teu rosto.

1.12.07

«Dia da Tentação»



Videoclip do dia da Restauração na Cidade das Mulheres: José Peixoto e Filipa Pais, «Dia da Tentação», realização José Pinheiro.