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28.2.10
moda e república
24.2.10
19.2.10
Prevenção da Violência de Género
17.2.10
15.2.10
14.2.10
paixão
olhos
no meio do pranto
como se o mar tivesse
subitamente subido
à tua face
«Paixão», Destino, III, in Maria Teresa Horta, Poesia Reunida, Dom Quixote, Lisboa, 2009.
Não posso adiar o amor...
não posso
ainda que o grito sufoque na garganta
ainda que o ódio estale e crepite e arda
sob montanhas cinzentas
e montanhas cinzentas
não posso adiar este abraço
que é uma arma de dois gumes
amor e ódio
não posso adiar
ainda que a noite pese séculos sobre as costas
e a aurora indecisa demore
não posso adiar para outro século a minha vida
nem o meu amor
nem o meu grito de libertação
não posso adiar o coração
António Ramos Rosa
(Faro, 1924)
13.2.10
(e)namoro
Love as knowledge in Turkish music culture
Martin Stokes (Oxford University)
18 de Fevereiro 18h00
Auditório 2 – 3º andar Torre B
Faculdade de Ciências Sociais e Humanas - UNL
Av. de Berna, 26 - C
12.2.10
voltar a página, sintonizar, há traços no ar
In memoriam Manuel Salazar
Qual a função que desempenha na Ana Salazar?
È uma função de gestor, aliás é a continuação da função que sempre tive. Eu nunca fui mais do que um gestor. Podia acompanhar mais de perto a Ana em muitas coisas que estavam para além da minha função, mas esta manteve-se sempre.
Se eu lhe pedisse para fazermos uma visita ao passado, por onde é que o Manuel podia começar a viagem pela marca Ana Salazar?
Exactamente quando a marca começou. A marca Ana Salazar começa um pouco depois do 25 de Abril, não com o nome Ana Salazar, mas sim com o nome Harlow. Nasce de uma necessidade que nós tivémos, face à revolução do 25 de Abril, de nos abastecermos, de sermos autosuficientes. Aí, trabalhamos com a marca Harlow durante uns anos, até praticamente o final dos anos 70. Fomos nessa época um dos maiores importadores de vestuário em Portugal, importávamos mais do que a própria Loja das Meias, e no final dos anos 70, em 1979/80 surge a Ana a fazer as colecções a que se deu o nome de Ana Salazar, dentro do que se estava a fazer na Europa nessa época, onde havia um surgimento de criadores de colecções de autor, e portanto a Ana fez também a sua colecção. E aí começa a Ana Salazar.
A partir de quando é que o seu papel na empresa foi determinante? Começou por ser sócio da Ana?
O meu papel nunca foi determinante no percurso de Ana Salazar. Ele terá maior importância ou influência em determinados períodos. Nos anos 70, aí tenho talvez uma maior intervenção. Porque aí a situação da Ana Salazar era vista mais comercialmente. Estive sempre ao lado da Ana, mas nunca foi determinante a minha intervenção. Procurei sempre ver o que a Ana pretendia, e nesse momento ela pretendia coisas diferentes do nosso início. Eu concordava sempre com elas, e concordei sempre em irmos para a frente, e estava sempre ao lado dela. Mas nunca foi determinante, nem a minha posição influenciou nada que desse resultados diferentes, ou que tivesse interesse para os resultados.
Comecei a trabalhar com a Ana logo de imediato. A Ana pôs uma loja que era a Maça e nós éramos dois sócios com partes iguais. Deixei uma actividade que tinha como gerente de vendas de uma empresa – a ITT, as listas telefónicas dessa época – e profissionalmente comecei a trabalhar com a Ana, a fazer essa gestão, e não fazia mais do que essa gestão.
A função pela qual começou foi a de revendedor?
Essa ideia foi mais desenvolvida por mim, quando se criaram estas instalações aqui [na General J.celestino da Silva], e então criei um corpo de vendas, um corpo comercial. Aí, a Ana pouco intervinha. Ela estava mais ligada ao público, e numa área mais criativa. Nessa época a Ana interessava-se pelo sector mais criativo, o meu era meramente uma acção comercial e técnica, de vendas.
Nós éramos uns grandes importadores, a Ana fazia uma selecção, portanto lá está um aspecto criativo, porque para fazer uma selecção há que ter sensibilidade e ser criativo. A Ana fazia essa selecção e depois vendíamos ao mercado.
Qual a história do projecto da loja de Paris [existente entre 1985 a 1996]?
O projecto tinha uma componente que era a de divulgação, de nos internacionalizarmos. Nessa época era dificil – e hoje ainda o é – uma pessoa internacionalizar-se a partir de Portugal. No mundo da moda Portugal já consta do mapa, mas é um ponto muito pequeno, com pouca influência. Se nós formos ver, no mundo inteiro, há três ou quatro pontos importantes para a moda: Paris, e depois sem ordens de grandeza, é Londres, Milão e Nova Iorque. Tudo o resto também são pontos sem importância. Portanto, foi isso que pensámos e nos levou a fazer essa operação de Paris.
Enquanto projecto de 11 anos, teve os seus momentos altos e baixos...
Teve momentos muito altos, embora tenhamos saído e abandonado Paris; não quer dizer que houve uma falência, ou uma derrota. De maneira nenhuma. Houve pontos altos, que foram muito importantes, tanto no estrangeiro como em Portugal. Nós ao irmos para Paris ganhámos imenso com isso, foi uma experiência brutal, mesmo comercialmente. Nós tivémos imensos clientes no estrangeiro, que a maioria deles correu muitíssimo bem. Depois não continuámos em Paris, porque o esforço para lá estar é enorme, porque a atitude de estar em Paris é totalmente diferente de Portugal. Mesmo aqui, para se estar nesta actividade já há que ter atenção, já há que ter assessores de imprensa, estar em congjgação com a imprensa, lidar com ela. Em Paris, isso é determinante para se estar bem colocado e para isso é preciso muito dinheiro, mesmo muito dinheiro.
Quais são os seus momentos altos na participação da carreira de Ana Salazar?
Eu penso que posso ter ajudado a Ana bastante quando iniciámos esta actividade, nos anos 70, talvez depois na situação de ter sempre acarinhado e ajudado nos primeiros desfiles, de promoção, aí intervinha como ajudante. Talvez também na situação de Paris, embora ela não tenha resultado bem, no seu final o seu resultado é muito, muito positivo. Eu tive uma certa influência na ida para lá. Nós fomos sempre acarinhados, embora o contacto com a imprensa seja sempre mais difícil do que em Portugal. Mas mesmo em França nós tinhamos contactos muito acarinhados, a Ana tinha grandes amizades. Temos alguns desfiles que foram muito importantes, pela forma como fomos recebidos e transmitidos pela imprensa. Sempre tivémos notícias, não como um Jean Paul Gaultier ou um John Galliano, mas sempre tivémos notícias. Fizémos feiras muito importantes, com o John Galliano, o Helmut Lang, em que eles estiveram ao nosso lado, ali estavam a começar connosco em Paris. Esses momentos eu recordo-os com bastante nitidez, essas feiras que nós fizémos ao lado de nomes que depois foram muito importantes.
Onde nasceu e de onde é a sua família – será ela de Santa Comba Dão ? (risos)
Não, não é. Não temos nada a ver. Eu nasci em Lisboa. A minha família (paterna e materna, de regiões próximas) é das Beiras, da Lousã, de uma região que se chama Alvares, uma zona interior a 40 ou 50 Km da Lousã. Há muitos anos que não visito essa região, mas ía lá em miúdo. A minha mãe morreu tinha eu 10 ou 11 anos, o meu pai casou segunda vez com uma senhora de Sapins, uma terra já muita próxima da Lousã. Nasci em S.Sebastião da Pedreira, em 1938.
E esteve cinco anos na tropa. Porquê?
Na época em que eu fiz a tropa, em 1958, as pessoas eram mobilizadas de uma forma geral para o Ultramar. Houve algumas pessoas que não sendo mobilizadas, que eram as pessoas casadas, faziam uma compensação: trabalhavam metade no exército regular e depois de uma forma geral faziam mais dois anos – eu fiz um pouco mais porque estava na polícia judiciária militar, e fiz dois anos de trabalho regular de quartel e depois mais dois anos e qualquer coisa na polícia judiciária militar – em que estive um tempo na fábrica militar Braço de Prata e outro tempo no quartel-general, na própria polícia; não cheguei a estar na tropa cinco anos, mas quatro anos e meio.
Como foi o seu encontro com a Ana?
Estamos a falar de um tempo em que não havia discotecas, a vida nocturna era completamente diferente, havia as festas particulares, e as festas ao fim de semana, uma espécie de uns chás-dançantes, que no momento até se estão a retomar. Eram uns bailes na Casa dos Açores, na Casa da Madeira. Eu organizava bailes desse tipo, alugava essa salas e depois vendíamos umas entradas. Conheci a Ana numa dessas situações. Porque não havia nada, qualquer pessoa ía a esse tipo de festas; eram festas de fim de semana, à tarde, ou à noite, aos sábados ou aos domingos. Penso que conheci a Ana num Sábado, numa dessas festas, na Casa dos Açores, na Rua Castilho. Depois só a voltei a ver passado um ano, e aí é que começámos o namoro.
Eram festas de sensação?
Eram festas da época, especialmente umas que eu organizava numa zona que se chamava “9ºandar”, num prédio da Fidelidade, Praceta das Águas Livres; tem um terrraço enorme que a companhia de seguros Fidelidade alugava. Fiz lá algumas festas, a que a Ana foi algumas vezes.
Conviveu com os pais dela? Como era Oskar Pinto Lobo [pintor e arquitecto]?
Sim, muito, até ele morrer. Era uma pessoa extraordinária, com uma sensabilidade muito apurada, aliás como a Ana. São muito parecidos, até em atitudes, modos de falar. Era uma pessoa de quem eu gostava muito.
Convivi também com a mãe [Ema], mas conheci ambos já separados. Ela era uma pessoa lindíssima, uma pessoa muito boa, diferente do pai, mas também com muita sensibilidade.
11.2.10
Alexander McQueen
10.2.10
8.2.10
6.2.10
3.2.10
Um olhar para as mulheres da (nossa) história (II)
No primeiro plano: D. Maria Leonarda Correia da Costa, Dr.ª Isaura Seixas Marques, Dr.ª Tetralda Teixeira de Lemos (advogada), D. Maria do Céu Branquinho, D. Sara Beirão (escritora) e D. Rosa Pereira.
No segundo plano: D. Maria O'Neill (escritora), D. Angélica Porto (vice-presidente), Professora Beatriz de Magalhães e Dr.ª Adelaide Cabete (médica, presidente do CNMP).