Na entrada do seu diário a 20 de Janeiro de 1931, que nos revela o seu 'retrato' e o seu 'mundo', Virginia escreveu:
Concebi, neste preciso momento, enquanto tomava banho, todo um livro - a sequência de "Um quarto que seja seu" - sobre a vida sexual das mulheres que irá chamar-se Profissões Femininas. Santo Deus, que emocionante! Isto brotou do texto da conferência que vou dar na quarta-feira à sociedade da Pippa.
Philippa Strachey (1872-1968), que era a secretária da National Society for Women's Service, havia convidada Virginia Woolf para falar à secção de Londres no dia 21 de Janeiro daquele ano. Esse discurso foi publicado postumamente, em 1942, com o título «The death of the moth», se bem que o título original de Virginia fosse «Killing the angel of the house»:
A minha profissão é a literatura, e nessa profissão há menos experiências de mulheres do que em qualquer outra, com excepção da arte dramática - menos, quero dizer, que são demasiados especiais para as mulheres. Porque a estrada foi aberta muitos anos atrás - por Fanny Burney, Aphra Behn, Harriet Martineau, Jane Austen, George Eliot - muitas mulheres famosas, e muitas mais desconhecidas e esquecidas, que vieram antes de mim, tornando o caminho suave e orientando os meus passos. (...) por dez shillings e seis pences qualquer um pode comprar papel suficiente para escrever todas as peças de Shakespeare - se estiver com tal disposição.
Virginia Woolf, «O estatuto intelectual das mulheres seguido de Profissões para Mulheres», Padrões Culturais Editora, Lisboa, 2008
«Virginia Woolf Diário» Primeiro Volume 1915-1926, Bertrand Editora, Lisboa, 1987
«Virginia Woolf Diário» Segundo Volume 1927-1941, Bertrand Editora, Lisboa, 1987
Virginia Woolf, «As ondas», Relógio d'Água, Lisboa, 1988
«Selected Works of Virginia Woolf», Wordsworth Editons, London, 2005.
1 comentário:
Outra mulher de Janeiro, a quem também fiz hoje uma homenagem — outra mulher muito importante na minha vida literária.
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