Vem aí o período da reflexão. O que é bom. Para tudo. Esse será o momento de reflexão, em que cada um(a) pensará, de acordo com a sua consciência, o voto que irá expressar no próximo domingo, e que mais não será do que responder sim ou não à pergunta «Concorda com a despenalização da interrupção voluntária da gravidez, se realizada por opção da mulher, nas primeiras dez semanas em estabelecimento de saúde legalmente autorizado?».
Quem tiver passado pela Cidade das Mulheres na última semana terá visto coladas nas suas paredes virtuais material de divulgação pelo SIM. Imagens estáticas e em movimento, ideias e factos sobre o aborto em Portugal,enfim alguma coisa desta campanha para o referendo passou por aqui, como por outros blogues, sensíveis a esta problemática da sociedade civil. Todos os agentes sociais que se movem pelo respeito à mulher e à sua decisão têm tido um discurso edificante, matizado e enriquecido pela ética da sua profissão, qualquer que ela seja. Ora, este respeito tem um estranho e negro oposto, que é o desrespeito pela mulher, e consequentemente pelos direitos humanos. Serpenteava A Cidade das Mulheres pela cidade dos automóveis, e qual não é o (seu) espanto ao constatar que os senhores do «não» se apropriaram de um verso de Florbela Espanca para fazer a apologia do que eles pensam - pensarão? - que é o melhor: responder negativamente à pergunta do referendo. Quem dera que não se apropriassem de uma forma abusiva, totalitária e desrespeitadora do nome e da obra de uma escritora como Florbela Espanca (8.12.1894-8.12.1930), que se afirmou da forma mais independente que conseguiu no seu tempo: «Eu não sou de ninguém!... Quem me quiser / Há-se ser luz do Sol em tardes quentes; »
Concentremo-nos. Sentemo-nos.
Cristina L. Duarte
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