5.11.08

Eu tenho um sonho

Os antepassados de Barack Obama estão reunidos nesta quarta-feira em grande festa. Os seus contemporâneos também. A frase «I have a dream» proferida por Martin Luther King nos anos 60, numa marcha pacífica em Washington D.C., onde participaram 250 000 pessoas, encontrou o seu eco neste dia de mudança nos EUA. Agora a Casa Branca vai ter uma Primeira Dama chamada Michelle Obama. Deste lado do Atlântico A Cidade das Mulheres acena-lhe(s) um «wish you luck».
Entretanto, quem quiser dê uma vista de olhos ao modo como a América fez a cobertura desta «mudança», através da jornalista-holograma, que a CNN colocou no ar. O Corriere de la Sera tem o video.

Excerto do discurso de Obama, em Chicago: «Esta eleição contou com muitas estreias e histórias de que se irá falar durante várias gerações. Mas aquela em que estou a pensar esta noite é sobre uma mulher que depositou o seu voto em Atlanta. Ela é muito parecida com os milhões de pessoas que aguardaram a sua vez para fazer ouvir a sua voz nestas eleições à excepção de uma coisa: Ann Nixon Cooper tem 106 anos.
Ela nasceu apenas uma geração depois da escravatura, numa época em que não havia automóveis nas estradas nem aviões no céu; em que uma pessoa como ela não podia votar por duas razões – porque era mulher e por causa da cor da sua pele.
E esta noite penso em tudo o que ela viu ao longo do seu século de vida na América – a angústia e a esperança; a luta e o progresso; as alturas em que nos foi dito que não podíamos e as pessoas que não desistiram do credo
americano: Sim, podemos.
Numa época em que as vozes das mulheres eram silenciadas e as suas esperanças destruídas, ela viveu o suficiente para se erguer, falar e votar.
Sim, podemos.
Quando havia desespero e depressão em todo o país, ela viu uma nação vencer o seu próprio medo com um New Deal, novos empregos, e um novo sentimento de um objectivo em comum. Sim, podemos.
Quando as bombas caíam no nosso porto e a tirania ameaçava o mundo, ela esteve ali para testemunhar uma geração que alcançou a grandeza e salvou uma democracia. Sim, podemos.
Ela viu os autocarros em Montgomery, as mangueiras em Birmingham, uma ponte em Selma, e um pregador de Atlanta que dizia às pessoas que elas conseguiriam triunfar. Sim, podemos.
Um homem pisou a Lua, um muro caiu em Berlim, um mundo ficou ligado pela nossa ciência e imaginação.
E este ano, nestas eleições, ela tocou com o seu dedo num ecrã e votou, porque ao fim de 106 anos na América, tendo atravessado as horas mais felizes e as horas mais sombrias, ela sabe como a América pode mudar.
Sim, podemos.»

Barack Obama (n.1961), 44º Presidente eleitos dos Estados Unidos da América

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