Prelúdio
Pela estrada desce a noite
Mãe-Negra, desce com ela...
Nem buganvílias vermelhas,
nem vestidinhos de folhos,
nem brincadeiras de guisos,
nas suas mãos apertadas.
Só duas lágrimas grossas,
em duas faces cansadas.
Mãe-Negra tem voz de vento,
voz de silêncio batendo
nas folhas do cajueiro...
Tem voz de noite, descendo,
de mansinho, pela estrada...
Alda Lara (n.Benguela Angola 9.6.1930 - f.30.1.1962)
escrita olhares perspectivas críticas ensaios artes género feminismos sociologia moda
30.1.08
29.1.08
Gémeos Sampaio
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Profissão: manequim. São os gémeos Sampaio, Jonathan e Kevin, que estão a brilhar em Janeiro nas passerelles de Paris e Milão. No desfile que vemos nestas fotografias, eles passam para Sonia Rykiel, criadora de moda parisiense que começou a desenhar em 1962 - quando estava grávida e não encontrava camisolas de lã suaves - e ficou conhecida como «rainha das malhas». A etiqueta que os gémeos envergam é «Rykiel Homme», na passerelle de Outono/Inverno 2008/09.
28.1.08
Serões fotográficos em Évora
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A Câmara Municipal de Évora/Divisão de Assuntos Culturais, através do Arquivo Fotográfico, retoma uma actividade que iniciou no ano passado com o objectivo de promover a fotografia e divulgar o acervo do Arquivo. A nova temporada dos Serões Fotográficos tem periodicidade mensal, centrando-se cada um dos encontros numa fotografia em particular, pertencente ao espólio do Arquivo Fotográfico Municipal, a qual proporcionará uma tertúlia em torno das várias leituras que a mesma poderá comportar. Todos os serões contam com um momento de animação surpresa, que poderá passar pela música, ou pela representação teatral.
O primeiro Serão decorre hoje, dia 28, pelas 21H30, em torno das «Mulheres Republicanas de Évora», no Salão Nobre dos Paços do Concelho da Câmara Municipal de Évora. A oradora convidada será a Maria Ana Bernardo (Universidade de Évora/CIDHEUS). Haverá também uma animação surpresa a cargo da actriz Rosário Gonzaga (CENDREV).
Mas antes do serão, vem a matinée, igualmente em Évora: no Palácio do Vimioso (sala 205) irá intervir pelas 15h00 Teresa Ortiz Gómez, do Departamento de História da Ciência e Instituto de Estudos da Mulher da Universidade de Granada. A sua comunicação «Género, história e medicina: interpretações do corpo de mulher», está inserida no encontro do CIDHEUS «Saúde, discursos, interpretações e representações».
26.1.08
Congresso Feminista 2008!
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Todos os meses, a cidade das mulheres, de megafone na mão, anunciará aos quatro ciberventos a realização deste mega-encontro dos feminismos, no mês de Junho, em Lisboa. Não esquecer ainda que, nas mesmas datas - isto é que é pontaria - realizar-se-á o VI Congresso Português de Sociologia, intitulado «Mundos Sociais: saberes e práticas» (entre 25 e 28).
Junho em Lisboa, promete, e não é pouco. A realidade é múltipla. Até já.
25.1.08
Dia de Acção Global
Este sábado, 26 de Janeiro, comemora-se em todo o mundo o Dia da Acção Global, promovido pelo Fórum Social Mundial. Debates, pintura do «muro das causas», música ao vivo, animação de rua, comércio justo, são algumas das actividades programadas para a Praça da Figueira, em Lisboa, entre as 14h00 e as 18h00.
24.1.08
As jóias de Madalena
Opções
A Linha «Opções» da Associação para o Planeamento da Família apresenta esta quinta-feira, em Lisboa, pelas 17h30, no Auditório 3 da Fundação Calouste Gulbenkian, o documentário Convicções (55 ') de Julie Frérès. Após o visionamento terá lugar um debate moderado por Fernanda Freitas, e por Duarte Vilar (APF). O documentário retrata o quotidiano de quatro mulheres de convicções totalmente opostas e acompanha em Portugal a campanha do Referendo de 2007, nos bastidores, na rua e nos media. [Linha «Opções» - 707 2002 49]
23.1.08
Requiem a Heath
«Morning Yearning» (Ben Harper), video realizado por Heath Ledger (n. Perth, Australia) o actor desaparecido ontem, aos 28 anos. Recentemente desempenhou o papel de Bob Dylan no filme I'm not there. A Cidade das Mulheres não o esquece, nem à personagem que vestiu em Brokeback Mountain (Ang Lee, 2005), contracenando com Jake Gyllenhaal.
22.1.08
17.1.08
Diálogos pós-coloniais
No próximo dia 22 realiza-se o colóquio «Para além da mágoa: novos diálogos pós-coloniais», com organização de Margarida Paredes (Centro de Estudos Africanos/ Faculdade de Letras, Universidade de Lisboa), Sheila Khan (University of Manchester, Centro de Estudos Sociais, Universidade de Coimbra) e Casa Fernando Pessoa, onde o encontro tem lugar a partir das 10h00.
No texto explicativo do encontro pode ler-se que «uma nova geração de escritores tem emergido na narrativa contemporânea com um discurso que procura descolonizar as mágoas, as angústias, e dores que a geração anterior trouxe de África e de Timor. Será necessário, na nossa opinião, pensar e reflectir nestas novas trajectórias de vida e identidades, com um olhar completo. Este acto de olhar, é o projecto de escritores que procuram fazer uma leitura diferente da caminhada histórica, cultural e subjectiva do nosso passado colonial, de um modo criativo, lúcido, e equilibrado. É a língua das águas subterrâneas que enriquecem este mal-estar pós-colonial, por vezes, pejado de sentimentos de perda e de exílio. Acolher e escutar estes novos olhares, estas novas visões em interacção com África e Timor, permite-nos dirigir e mesurar o diálogo que propomos, neste encontro, para além da mágoa» .
Algumas das questões que ali serão debatidas são as seguintes: O que é a literatura pós-colonial de língua portuguesa? Como é pensada e sentida a história colonial portuguesa pelos novos escritores? Uma literatura de luto, ou uma produção de novos sentidos e novos diálogos numa era pós-descolonização? Será possível falar-se sem receios de uma literatura e de pós-colonialismo luso-afro-brasileiro?
Algumas das questões que ali serão debatidas são as seguintes: O que é a literatura pós-colonial de língua portuguesa? Como é pensada e sentida a história colonial portuguesa pelos novos escritores? Uma literatura de luto, ou uma produção de novos sentidos e novos diálogos numa era pós-descolonização? Será possível falar-se sem receios de uma literatura e de pós-colonialismo luso-afro-brasileiro?
Após a apresentação deste encontro pelo anfitrião da Casa, Francisco José Viegas, e por Sheila Khan, o tema em análie intitula-se «Das narrativas do não-sofrimento, dos novos sentidos sobre a literatura pós-colonial de língua portuguesa», numa mesa orientada por Livia Apa (Universidade de Nápoles "L'Orientale" e Universidade de Roma "La Sapienza"), com a participação de Paulo Bandeira Faria, Joaquim Arena e Luís Cardoso. A partir das 14h00, a mesa orientada pela professora universitária e estudiosa de literaturas africanas Inocência Mata é subordinada ao tema «Dos diálogos, e de uma literatura luso-afro-brasileira pós-colonial», contando com a presença de Eduardo Agualusa, Margarida Paredes, Miguel Gullander e da poetisa Ana Paula Tavares.
13.1.08
Mulheres e media
O grupo Faces de Eva – Estudos sobre a Mulher, da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa vai realizar uma mesa-redonda dia 16 de Janeiro, quarta-feira, pelas 15h00, na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas/UNL (Torre B, 7ºPiso, Sala de Reuniões, na Avenida de Berna, 26-C) subordinada ao título «As Mulheres na Comunicação Social», com a presença de Maria João Silveirinha (Universidade de Coimbra), Nair Alexandra (Expresso) e Diana Andringa. O tema em debate contará com o relato das suas experiências e práticas profissionais, e com a sua observação sobre o modo como o jornalismo em Portugal trata os feminismos e as questões de género. Três mulheres com experiências de comunicação, de imprensa, de televisão, e da área académica e de investigação que, com as suas alocuções/relatos, contribuirão para uma dinâmica troca de ideias.
11.1.08
10.1.08
9.1.08
Simone
A feminista Simone de Beauvoir nasceu há 100 anos, a 9 de Janeiro de 1908. Por isso, este mês, o Magazine Littéraire dedicou-lhe a capa e uma larga parte da sua edição nº471, um dossier bem recheado de entrevistas - com Danièle Sallenave, e com Élisabeth Badinter - incluindo extractos de Cahiers de Jeunesse, escritos por Simone de Beauvoir quando tinha 19 e 21 anos, inéditos até ao presente e que serão editados em Março pela Gallimard. Com cerca de 38 páginas dedicadas a esta mulher apaixonada pela liberdade, escritora e filósofa, a revista publica vários textos (para além de uma cronologia biográfica, e uma bibliografia) entre os quais se destacam «La naissance du Castor ou la construction de soi» por Sylvie Le Bon de Beauvoir (filha adoptiva), «Sartre et Beauvoir: le dialogue infini» de Bernard Fauconnier, «Les combats pour les femmes» de Benoît Groult, «L'existencialisme réinventé» de Éric Deschavanne e «Aux risques de la liberté» de Julia Kristeva, uma das intelectuais que tiveram a iniciativa do Colóquio Internacional de Paris/ Centenário do Nascimento de Simone de Beauvoir a decorrer a partir de hoje e até dia 11, no Réfectoire des Cordeliers, 15 rue de l'École-de-Medicine, em Paris. Todas as intervenções no quadro da conferência - que visa discutir as múltiplas facetas da obra de Beauvoir - estão repartidas segundo três temas: «Escrever o íntimo», «Beauvoir romancista», e «Beauvoir filósofa». Simone morreu em Paris a 14 de Abril de 1986.
6.1.08
Else
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Reconciliação
Há-de uma grande estrela cair no meu colo...
A noite será de vigília,
E rezaremos em línguas
Entalhadas como harpas.
Será noite de reconciliação -
Há tanto Deus a derramar-se em nós.
Crianças são os nossos corações,
anseiam pela paz, doces-cansados.
E nossos lábios desejam beijar-se -
Porque hesitas?
Não faz meu coração fronteira com o teu?
O teu sangue não pára de dar cor às minhas faces.
Será noite de reconciliação,
se nos dermos, a morte não virá.
Há-de uma grande estrela cair no meu colo.
Else Lasker-Schüler, Baladas Hebraicas, Assírio & Alvim, 2002
As Baladas Hebraicas tiveram edição original em 1913. Else Lasker-Schüler (1869-1945), escreve João Barrento que assina a tradução e apresentação deste livro, «é uma figura enigmática e única do contexto das primeiras décadas do século XX e da poesia alemã do chamado "Expressionismo", onde claramente não cabe. (...) é uma lenda da simbiose judaico-alemã que ela própria pretende encarnar, "criatura de sonhos" e "aparição" saída de mundos de fantasia para os quais arrasta por vezes alguns artistas e escritores (...).»
2.1.08
Ana
Tisana nº241
Era uma vez uma pessoa que andava sempre com uma palavra debaixo da língua. Quando a tinha na ponta falava, dando pequenos estalos de prazer. Depois lambia os beiços gulosamente. Estamos aqui à espera de quê? Imagina-acção.
Ana Hatherly, «7 Tisanas inéditas», 1995.
Era uma vez uma pessoa que andava sempre com uma palavra debaixo da língua. Quando a tinha na ponta falava, dando pequenos estalos de prazer. Depois lambia os beiços gulosamente. Estamos aqui à espera de quê? Imagina-acção.
Ana Hatherly, «7 Tisanas inéditas», 1995.
1.1.08
Fiama
Epístola para a sirene de um barco
Estou aqui nesta margem límpida a escutar
barcos que passam a Barra noutro verso que é
estar aqui na margem nublada a escutar barcos.
O barco dos pilotos vai adiante entre os baixios,
responde com um agudo som picado ao som mais grave
de tantos barcos que eu oiço entrar a Barra.
Mas estou aqui, com a janela de par em par aberta
para o ar tão fino, tão claro da manhã soalhenta,
a escutar, nesta margem, que havia barcos na Barra
por arte dos pilotos indo nas manhãs nubladas.
Fiama Hasse Pais Brandão (1938-2007)
In Escrever do avesso - Poetas portuguesas, edição 3ºCongresso Europeu de Pesquisa Feminista, Shifting Bonds, Shifting Bounds: Women, Mobility and Citizenship in Europe, Coimbra, Universidade de Coimbra, 8-12 Julho 1997
Estou aqui nesta margem límpida a escutar
barcos que passam a Barra noutro verso que é
estar aqui na margem nublada a escutar barcos.
O barco dos pilotos vai adiante entre os baixios,
responde com um agudo som picado ao som mais grave
de tantos barcos que eu oiço entrar a Barra.
Mas estou aqui, com a janela de par em par aberta
para o ar tão fino, tão claro da manhã soalhenta,
a escutar, nesta margem, que havia barcos na Barra
por arte dos pilotos indo nas manhãs nubladas.
Fiama Hasse Pais Brandão (1938-2007)
In Escrever do avesso - Poetas portuguesas, edição 3ºCongresso Europeu de Pesquisa Feminista, Shifting Bonds, Shifting Bounds: Women, Mobility and Citizenship in Europe, Coimbra, Universidade de Coimbra, 8-12 Julho 1997
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