18.4.07

Artistas Mulheres - Três Vozes

Parte I

Fazer arte é tornar objectiva a experiência do mundo, transformando o fluxo dos movimentos em algo visual, textual ou musical. A arte cria uma espécie de comentário.
Barbara Kruger


Inicio hoje a publicação de «Artistas Mulheres - Três Vozes», um projecto de investigação desenvolvido no âmbito de «Imagens da Mulher na Arte Contemporânea» (Estudos sobre a mulher, FCSH/UNL), em que decidi eleger o trabalho artístico de três mulheres, procurando situá-lo cada um per si como parte de um processo de auto-conhecimento e de consciência do feminino. Ao mesmo tempo, a reflexão das próprias mulheres sobre o seu trabalho permite-nos estudar os processos (sociais, culturais, feministas) pelo qual estas mulheres se tornaram artistas. São elas uma professora de arte, Jane Gilmor, autora de instalações, performances e projectos com uma base comunitária, desde meados dos anos 70, uma pianista de jazz e música improvisada, Iréne Schweizer, com projecção internacional desde aquela década, e uma cantora, Teresa Salgueiro, que, no interior de um grupo de repertório, realiza concertos por todo o mundo desde finais dos anos 80.
Todas elas têm um impacto duradouro nas expressões artísticas do nosso tempo e a sua «voz» faz-se ouvir nos respectivos campos artísticos. Uma «voz» que se juntou a outras no casos de Jane Gilmor (participando na primeira cooperativa de mulheres artistas em Nova Iorque) e de Iréne Schweizer (que integrou um grupo de improviso de mulheres feministas). E a voz que se confunde com o colectivo de instrumentistas que representa: Teresa Salgueiro, do grupo Madredeus, um grupo nascido no bairro de Lisboa que lhe deu o nome. Como diz a canção que os notabilizou, foi ‘à porta daquela igreja’ («Vaca de Fogo», letra de Pedro Ayres de Magalhães, música de PAM e Gabriel Gomes, integrou o primeiro álbum Os dias da Madredeus), mais propriamente nas instalações de uma companhia independente, Companhia Teatro Ibérico, situadas na antiga igreja da Madre de Deus (MN, decreto de. 1910), que decorreram as gravações do primeiro disco dos Madredeus, em Julho de 1987.
A história de uma criação musical com a voz, segundo um repertório que é cantado em português, fala-nos e canta-nos de dentro das nossas paisagens e dando ao Nós um rumo itinerante, através da saudade e do encontro com o Outro, a sua alma mater. Mulher.

Cristina L.Duarte

1 comentário:

cuscavel disse...

Que seja, então, dada voz às vozes. Por aqui, ficamos num silêncio expectante!