9.4.07

A sociedade do espectáculo



Agradeço a Guy Débord o empréstimo do título para afixar o que se segue. Há poucos dias o cartaz do Gato Fedorento tomou lugar no Marquês de Pombal ao lado do cartaz de um partido que é contra a imigração, como se Portugal não fosse um país de emigrantes o que, obrigatoriamente, dá origem a muitos imigrantes portugueses noutros pontos do mundo. Se calhar o problema desses senhores é não conhecerem a língua portuguesa. Ora, só para citar Pessoa, «a língua portuguesa é a minha pátria». E aquela história dos grandes (onde?) portugueses também não ajudou nada. Mas pior do que este nacional bananismo, é o absentismo eleitoral, o esquecimento, o não fazer nada para criticar depois. De se lhe tirar o chapéu foi portanto o que o Gato Fedorento fez. Mesmo que o resultado tenha dado no que deu. Ou seja, a retirada do cartaz de intervenção felino-artística pela CML, a troco de impedimentos legais, que não surgiram aquando da colocação do cartaz xenófobo - será que exibir a xenofobia é legal? Bom, a brincar a brincar o gato foi mesmo às filhozes. E se há no passado quem tivesse sofrido - e muito - com o lápis azul da censura, agora eis que a democracia precisa de meios mais sofisticados - e legais - para atingir os mesmos fins. E mau, mesmo mau, é que pelas opiniões que se vão ouvindo aqui e ali há já quem confunda democracia com ditadura. O que é uma grande «parvoíce». Haverá alguém capaz de promover um concurso chamado «grandes parvos da história»? Aceitam-se apostas para semelhante top 10.

[Sobre Guy Débord, e os seus filmes, a ver em Lisboa.]

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