Teresa Salgueiro e o Septeto de João Cristal estarão em Oeiras, dia 30 de Junho, para apresentar em Portugal o trabalho «Você e Eu». Será no CooljazzFest, no Jardim do Marquês de Pombal.
escrita olhares perspectivas críticas ensaios artes género feminismos sociologia moda
28.6.07
Liz Claiborne 1929-2007
Elisabeth Claiborne Ortenberg desafiou a indústria da moda dominada pelos homens. Fez roupa para mulher antecipando um mercado de roupa para mulheres de negócios e tornou-se um modelo e uma inspiração para aquelas que procuravam quebrar os 'tectos de vidro', tal como ela fez. Em 1986, a Liz Claiborne Inc, a primeira companhia fundada por uma mulher a ser incluída na Fortune 500. Ela nasceu em Bruxelas, onde o pai trabalhava num banco, mas em 1930 a família regressou à sua casa de New Orleans. Liz regressou à Europa para estudar arte, na Bélgica e em França. Os pais pais esperavam que ela viesse a ser artista, mas a arte de Liz veio a reflectir-se no desenho de roupa. Foi a mãe que a ensinou a coser.
http://www.nytimes.com/2007/06/28/business/28claiborne.html?ex=1340769600&en=8f9a991a6f02f676&ei=5124&partner=permalink&exprod=permalink
Género e Música
No próximo sábado, dia 30 de Junho, realiza-se na Fonoteca Municipal (Praça Duque de Saldanha, Ed.Monumental, Lisboa), o 1ºColóquio de Sociologia da Música. O dia vai ser de grande debate, com variadíssimas comunicações, a não perder, sobretudo por quem se interessa por estas matérias.
O colóquio tem organização de Ciências Musicais, Departamento de Ciências Musicais da FCSH/UNL e coordenação científica de Paula Gomes Ribeiro, co-organização do CESEM, Centro de Estudos de Sociologia e Estética Musical (FCSH/UNL) e Fonoteca Municipal.
O colóquio tem organização de Ciências Musicais, Departamento de Ciências Musicais da FCSH/UNL e coordenação científica de Paula Gomes Ribeiro, co-organização do CESEM, Centro de Estudos de Sociologia e Estética Musical (FCSH/UNL) e Fonoteca Municipal.
Segue-se o programa do colóquio, cuja abertura pertence a Paula Gomes Ribeiro.
1º Painel: Performance e género. Aspectos da dramaturgia da realidade na construção de factos musicais.
Moderadores: César Monteiro e Rui Pinto
[10h45] O género e a identidade na música migrante cabo-verdiana em Portugal - César Monteiro
[11h10] O papel feminino na esfera musical Madeirense (de meados do séc. XIX a meados do séc. XX): os casos de Júlia de França Netto, Matilde Sauvayre da Câmara e Eugénia Rêgo Pereira - Rui Pinto
[11h55] A difference between male and female musicians? Value and gender in music - Beate Stender
[12h10] Aspectos de dramaturgia da realidade e de género nas danças e bailinhos de Carnaval na Ilha Terceira - José Cordeniz, Vera Inácio, Joana Beja
2º Painel: Música, transgressão, ideologia.
Moderadores: Beatriz Serrão e Miguel Horta
[13h50] Uma reflexão sobre os públicos da música, inspirada em Pierre Bourdieu - Luis Carlos Custodio, Tobias Schumann
[14h10] Estruturas/instituições para promoção de realidades musicais fora do circuito comercial - Miguel Horta, Rafael Carmo
[14h45] Aspectos sociológicos de The Wall: Pink Floyd - Nuno Rodrigues
[15h05] Aspectos da construção de uma identidade: Madonna - José Cordeniz, Vera Inácio, Joana Beja
[16h00] Arte/Música e transgressão. O caso de Victor Rua - Rita Braga
[16h20] ‘Música degenerada’ - aspectos da actividade musical anti-regime durante o III Reich - Nuno Melo
[16h40] A performance inter-media em Portugal - o caso do Grupo amag'Arte - Beatriz Serrão [17h00]
[17h15] Conclusões e Encerramento com Rui Pinto, Beatriz Serrão, Miguel Horta, Paula Gomes Ribeiro.
27.6.07
26.6.07
25.6.07
Imigração
Na próxima quarta-feira, dia 27 de Junho, pelas 21h00, vai ter lugar uma tertúlia no Bar do Chapitô intitulada «Testemunhos de Imigração»: exposição e leitura de testemunhos seguido de debate com tod@s os presentes na rua Costa do Castelo nº1/7, em Lisboa.
Génese e Cinema - Parte III
O Confronto
Anatomia do Inferno é, na opinião da própria Catherine Breillat, um filme sobre o conhecimento, é a jornada do Homem em busca do conhecimento e da humanidade. Na minha opinião, e em nada contrariando a anterior ideia, Anatomia do Inferno é igualmente a jornada da Mulher. Mulher e Homem iniciam neste filme a jornada do (re)conhecimento e da libertação. A libertação de um possibilita a libertação do outro. É um processo de reconhecimento mútuo e de respeito, é um processo onde ambos necessitam caminhar no mesmo sentido para serem seres por inteiro, seres sexuais, emocionais e racionais. Esta tese sobre o filme não é mais do que uma das características que reveste a terceira vaga do feminismo da actualidade. Não se trata de uma extremada luta em que mulheres e homens se encontram em lugares opostos da barricada. A excelência do ser humano será atingida quando a Mulher e o Homem não encontrarem restrições e impedimentos de qualquer ordem ao seu efectivo desenvolvimento. Anatomia do Inferno sublinha esta necessidade de partilha, de busca conjunta entre a Mulher e o Homem - portanto, pode ser a história de uma qualquer Mulher e de um qualquer Homem. Esta ideia é reforçada pelo facto de nunca se saber o nome da Mulher e do Homem do filme. As suas identidades permanecem desconhecidas. A natureza abstracta, mítica e onírica do filme é ainda reforçada pelo facto da Casa da Mulher se situar num ermo isolado, contíguo ao mar.
É pois no espaço da Casa, especificamente no quarto, que o confronto entre Mulher e Homem decorre. Se na primeira noite a acção decorre em vários espaços (interiores e exteriores), a partir da segunda noite, primeira noite de visita, ela será quase exclusivamente confinada ao espaço da Casa. As quatro paredes do quarto serão pois o palco onde tudo acontecerá. O quarto e o corredor, que liga o quarto à porta de casa, são os únicos espaços onde Mulher e Homem se encontram em simultâneo. Os restantes espaços são habitados ora por um ora por outro, nunca ao mesmo tempo.
A Mulher é aquela que desde o primeiro momento detém o poder. Como atrás mencionei, esse poder é-lhe conferido pelo facto de ela deter o poder do conhecimento, de saber efectivamente algo que o Homem não sabe, ou que ainda não reconheceu, sendo que a sua grande missão é a de demonstrar-lhe essa sabedoria e de o tornar igualmente sabedor. Este é o móbil do acordo que estabelece com o Homem. Imediatamente a seguir a esta proposta o Homem inicia a sua jornada, a sua metamorfose. Se na noite em que se conhecem na discoteca o Homem veste-se de negro, em todas as visitas que doravante faz à Mulher ele envergará o branco. O poder da Mulher é ainda notório na medida em que é ela que estabelece o acordo. É ela que escolhe este Homem. É neste Homem que ela fixa o olhar quando na pista da discoteca ele dança e beija outro homem. É este Homem que ao subir as escadas que conduzem ao W.C., o momento que antecede a tentativa de suicídio, a Mulher acotovela. É ainda a Mulher que tem os meios para seduzir o Homem a aceitar o acordo. A Mulher paga para ser olhada. Sim, mas não só. Ela paga para ter sexo. E isto é profundamente revolucionário. Logo, na primeira noite em que o Homem a visita, ela diz-lhe:
Anatomia do Inferno é, na opinião da própria Catherine Breillat, um filme sobre o conhecimento, é a jornada do Homem em busca do conhecimento e da humanidade. Na minha opinião, e em nada contrariando a anterior ideia, Anatomia do Inferno é igualmente a jornada da Mulher. Mulher e Homem iniciam neste filme a jornada do (re)conhecimento e da libertação. A libertação de um possibilita a libertação do outro. É um processo de reconhecimento mútuo e de respeito, é um processo onde ambos necessitam caminhar no mesmo sentido para serem seres por inteiro, seres sexuais, emocionais e racionais. Esta tese sobre o filme não é mais do que uma das características que reveste a terceira vaga do feminismo da actualidade. Não se trata de uma extremada luta em que mulheres e homens se encontram em lugares opostos da barricada. A excelência do ser humano será atingida quando a Mulher e o Homem não encontrarem restrições e impedimentos de qualquer ordem ao seu efectivo desenvolvimento. Anatomia do Inferno sublinha esta necessidade de partilha, de busca conjunta entre a Mulher e o Homem - portanto, pode ser a história de uma qualquer Mulher e de um qualquer Homem. Esta ideia é reforçada pelo facto de nunca se saber o nome da Mulher e do Homem do filme. As suas identidades permanecem desconhecidas. A natureza abstracta, mítica e onírica do filme é ainda reforçada pelo facto da Casa da Mulher se situar num ermo isolado, contíguo ao mar.
É pois no espaço da Casa, especificamente no quarto, que o confronto entre Mulher e Homem decorre. Se na primeira noite a acção decorre em vários espaços (interiores e exteriores), a partir da segunda noite, primeira noite de visita, ela será quase exclusivamente confinada ao espaço da Casa. As quatro paredes do quarto serão pois o palco onde tudo acontecerá. O quarto e o corredor, que liga o quarto à porta de casa, são os únicos espaços onde Mulher e Homem se encontram em simultâneo. Os restantes espaços são habitados ora por um ora por outro, nunca ao mesmo tempo.
A Mulher é aquela que desde o primeiro momento detém o poder. Como atrás mencionei, esse poder é-lhe conferido pelo facto de ela deter o poder do conhecimento, de saber efectivamente algo que o Homem não sabe, ou que ainda não reconheceu, sendo que a sua grande missão é a de demonstrar-lhe essa sabedoria e de o tornar igualmente sabedor. Este é o móbil do acordo que estabelece com o Homem. Imediatamente a seguir a esta proposta o Homem inicia a sua jornada, a sua metamorfose. Se na noite em que se conhecem na discoteca o Homem veste-se de negro, em todas as visitas que doravante faz à Mulher ele envergará o branco. O poder da Mulher é ainda notório na medida em que é ela que estabelece o acordo. É ela que escolhe este Homem. É neste Homem que ela fixa o olhar quando na pista da discoteca ele dança e beija outro homem. É este Homem que ao subir as escadas que conduzem ao W.C., o momento que antecede a tentativa de suicídio, a Mulher acotovela. É ainda a Mulher que tem os meios para seduzir o Homem a aceitar o acordo. A Mulher paga para ser olhada. Sim, mas não só. Ela paga para ter sexo. E isto é profundamente revolucionário. Logo, na primeira noite em que o Homem a visita, ela diz-lhe:
Mulher: Excuse me. You’re early. I didn´t have time to undress.
Homem: I’m paid to watch. That’s all you can ask me to do.
Mulher: You’re right. But I can still hope for more.
23.6.07
A propósito de voz e timbre
Filó Machado, compositor brasileiro, com quem trabalhou uma das vozes do jazz, Elisabeth Tuchmann, do «Timbre», um quarteto que vai estar em Lisboa no próximo Jazz em Agosto (dia 11, 18h30, Aud.2 da FCG), composto ainda por Lauren Newton (n.Oregon, EUA), Oskar Mörth (n.Schwanberg, Áustria) e Bertl Mütter (n.Steyr, Áustria).
22.6.07
Sagrado Feminino
O Sagrado Feminino: Da Pré-História à Idade Média da autoria de Maria Zina Gonçalves de Abreu será lançado no próximo sábado, 23 de Junho, pelas 17.00 horas na FNAC (Madeira Shopping) do Funchal. A apresentação é feita pela Professora Doutora Dominique Costa.
21.6.07
Verão
Outro Verão do amor, diz o NYT, aludindo ao gosto neo-hippie, num artigo assinado por Ruth la Ferla.
O Espelho II
Sobre o início deste espaço na blogosfera designado «A Cidade das Mulheres» expliquei por ocasião do aniversário (um ano!) em Maio último que o nome se deve à primeira mulher que, no Ocidente europeu, fez da escrita a sua profissão. Há uma edição recente, em português, do texto originalmente intitulado «La cité des dames». Mulher de letras e considerada hoje como uma precursora do feminismo, Christine de Pisan (por ter nascido em Itália, Pisa, em1363) mobiliza-se na escrita em favor das mulheres, de modo a cultivar a defesa do sexo feminino e imaginar uma igualdade entre os sexos. Contudo, a expressão organizada de uma aspiração à igualdade só virá a afirmar-se a partir da Revolução Francesa, e a constituir-se como movimento social apenas no século XIX.
Christine de Pisan faz os seus estudos e educação em Paris, na corte do rei de França, Carlos V, e casa com Etienne de Castel, de quem teve três filhos. Ficando viúva aos 26 anos, é então que se começa a dedicar à criação literária. Quando morre o rei, protector da família, e depois de morrer também o pai, Thomas de Pisan, Christine escolhe profissionalmente a arte liberal de escritora, sua única fonte de subsistência.
O Espelho de Cristina é a versão portuguesa de Le Livre des Trois Vertus, mandada imprimir em 1518 pela rainha D.Leonor - um tratado de educação e arte de viver em sociedade, e ao mesmo tempo uma perspectiva da vida da mulher na Idade Média e ainda um antecipar do pensamento da Renascença. Os grupos sociais a que se dirige a autora identificavam-se em três estratos: as princesas e altas senhoras, as senhoras e donzelas (primeiramente aaquellas que andam em cortes de grandes senhoras), e todas as mulheres do terceiro estado (as que som casadas com leterados de comsselho de Rey ou offiçiaes do guardamento da justiça ou doutros diversos offiçios), e que incluíam as casadas com moradores de cidades ou vilas, as mulheres de mercadores, as mulheres dos mesteirais, as servas de casa, as mulheres dos lavradores, e as mulheres pobres. O fac-simile desta obra foi editado pela Biblioteca Nacional, em 1989, com introdução de Maria Manuela Cruzeiro. A investigadora Ivone Leal analisou o Livro das Três Virtudes em «Cristina de Pisano e Todo o Universo de Mulheres», o que está publicado na colecção Cadernos da Condição Feminina (ed.CIDM, Lisboa, 1999). E como ela própria afirma é abundante a bibliografia existente tanto em língua francesa como em língua inglesa sobre Cristina de Pisano. [Continua. Espelho I, 16.05.07]
20.6.07
Refugiados
Dia Mundial do Refugiado, 20 de Junho. Segundo os números do Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (ACNUR) cerca de 10 milhões de pessoas vivem nesta condição. O mundo, neste dia, presta-lhes homenagem pela capacidade de resistência e tenacidade, e pela coragem. Para mais informação, A Cidade das Mulheres indica o sítio internet do Conselho Português para os Refugiados (CPR). O essencial é começar por dizer Não à guerra.
Aldina
Aldina Duarte participa nas «Quintas de Leitura» no Teatro do Campo Alegre, na sessão «Amantes e Outros Nomes de Família», que se realiza amanhã, dia 21 de Junho, às 22h00, no Café-Teatro do TCA, marcando assim o regresso de Aldina Duarte e de Maria do Rosário Pedreira ao ciclo poético. A fadista actuará na segunda parte de uma sessão inteiramente dedicada à poesia de Maria do Rosário. Durante cerca de 30 minutos, Aldina interpretará temas dos seus álbuns «Apenas o Amor» e «Crua».
Mas na primeira parte, «Amantes e Outros Nomes da Família» decorrerá uma conversa entre a editora e poeta Maria do Rosário Pedreira e Maria João Seixas.
Às leituras, sucederá uma performance, da dupla lisboeta João Galante e Ana Borralho que apresentarão, em estreia nacional, a sua peça «Uníssono», onde é explorada a relação que o corpo social contemporâneo promove com o corpo biológico. Identificar e definir os limites do controlo sobre o próprio corpo e da arte com os códigos que governam a sociedade é o que lhes importa.
Mas na primeira parte, «Amantes e Outros Nomes da Família» decorrerá uma conversa entre a editora e poeta Maria do Rosário Pedreira e Maria João Seixas.
Às leituras, sucederá uma performance, da dupla lisboeta João Galante e Ana Borralho que apresentarão, em estreia nacional, a sua peça «Uníssono», onde é explorada a relação que o corpo social contemporâneo promove com o corpo biológico. Identificar e definir os limites do controlo sobre o próprio corpo e da arte com os códigos que governam a sociedade é o que lhes importa.
Hanne
Hanne Hukkelberg, «Kaeft».
A cantora actuou em Lisboa na semana passada (a 15 de Junho). Na Blah Blah Blah (ed. Lux-Frágil) a sua voz é descrita (por Tiago Santos) como «a própria voz do vento do Norte na copa das árvores.» A sua música «é feita de camas de nuvens em lençóis de sonhos, de silêncios escondidos e risos cúmplices entre as folhas e as pequenas criaturas dos jardins. (...) Um verdadeiro hino à magia de sermos todos os dias o nosso próprio País das Maravilhas».
19.6.07
O espaço... musical
Soube-se hoje n'A Cidade das Mulheres que Sunita Williams (Nasa) foi a primeira mulher astronauta a permanecer 188 dias no espaço. É obra. Neste capítulo, mas já da obra musical, foi lançado nas discotecas o mais recente disco de Júlio Pereira, intitulado «Geografias», com a participação de outra grande mulher, a Sara Tavares.
A directora do Centro de Estudos Latino Americanos da Universidade Fernando Pessoa, Professora Doutora Ana Toscano, irá intervir na sessão cultural das Faces de Eva - Estudos sobre a Mulher na próxima sexta feira, dia 22 de Junho, pelas 10h30, na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa (FCSH/UNL). A conferência versará a temática «A Mulher na América Latina», e terá lugar na Torre B – Sala de Reuniões do 7.º Piso.
As sessões culturais das Faces de Eva regressam no próximo ano lectivo. Para quem queira seguir a actividade deste grupo de investigação da FCSH/UNL pode partir à descoberta do mais recente número da sua revista semestral, editada pela Colibri. O número 17, com capa dedicada a Natércia Freire (na foto), escritora e editora da página «Artes e Letras» do Diário de Notícias entre 1954-1974, apresenta uma homenagem à investigadora Ivone Leal (que esteve presente no lançamento deste número das Faces de Eva, a 15 de Maio último, na Casa Fernando Pessoa). Com uma organização editorial que se inicia com a nota de abertura, encontramos nestas páginas variadíssimos estudos de interesse como, por exemplo, «Em busca do inacessível - A obra de Natércia Freire» por Teresa Sousa de Almeida, ou «Emancipação da mulher e regeneração social no século XIX segundo Lopes Graça» por Helena de Fátima Gonçalves de Castro. A publicação prossegue com o Estado da Questão, uma secção aqui assinada por Maria Regina Tavares da Silva, sobre «A situação das mulheres no mundo - Impacto da Plataforma de Acção de Pequim». As entrevistas à professora e poetisa Maria Alberta Menéres (n. V.N.Gaia, 1930) e a Virginia Ferreira de Almeida (n.Porto, 1899), que cursou Físico-Químicas na Universidade de Coimbra, onde foi uma das fundadoras da Casa Independente de Raparigas, dão-nos a conhecer um pouco melhor estas mulheres, as suas vidas, as suas memórias e assim os vários tempos que desembocam no nosso. Duas pioneiras são também aqui alvo de atenção: as irmãs Ana e Sara Elias em «A arte de tocar carrilhão», e «Ana Lopes e o activismo na defesa dos direitos das/os profissionais do sexo». Ana Vicente faz o seu «(Auto)Retrato» e Marisa Regina Pinto Cardoso desenha Braga segundo uma Toponímia no Feminino (Parte I). As Leituras - que fazem um périplo sobre edições de relevo nos estudos sobre as mulheres, apresentam algumas obras editadas no último ano, como o Dicionário de Mulheres Rebeldes, de Ana Barradas, ed. Ela por Ela.
17.6.07
Vão sem mim, que eu vou lá ter
Deolinda, no Maxime.
Este mês, a cantora e acompanhantes irão rodar na rádio, actuarão em Lisboa e no Alentejo. Reza assim a sua agenda.
Dia 17 Junho: Deolinda estreia-se como “menina da rádio” e logo aos microfones do “Rádio Clube Português”! Cantará ao vivo no programa “Toda a Tarde”, a partir das 16h! http://radioclube.clix.pt/frequencias/index.asp
Dia 21 Junho: FNAC do Chiado, para um “show-case Deolinda”, a propósito de «Novos Talentos».
Dia 23 Junho: rumo ao Alentejo, direcção Montemor-o-Novo. A localidade de S. Geraldo vai poder render-se aos seus encantos!
Dia 30 Junho: Deolinda canta em Lisboa e fecha o mês em beleza no Santiago Alquimista antes de voltar para os seus gatos e para as janelas de tabuinhas.
Dia 21 Junho: FNAC do Chiado, para um “show-case Deolinda”, a propósito de «Novos Talentos».
Dia 23 Junho: rumo ao Alentejo, direcção Montemor-o-Novo. A localidade de S. Geraldo vai poder render-se aos seus encantos!
Dia 30 Junho: Deolinda canta em Lisboa e fecha o mês em beleza no Santiago Alquimista antes de voltar para os seus gatos e para as janelas de tabuinhas.
16.6.07
Arraial Pride!
Junho é mês de festas, e uma das mais divertidas e concorridas é o Arraial Pride! Sob o lema «Igualdade de Direitos: aqui e agora!» vai realizar-se no próximo sábado a 8ª Marcha do Orgulho LGBT. O percurso terá assim início no Príncipe Real, dia 23 de Junho, pelas 16h30. Este ano a organização pode escolher o Terreiro do Paço como centro da festa. A partir das 18h (e até às 02h) as cores vão dominar a baixa pombalina. Já estão disponíveis alguns materiais de divulgação, biografias de DJ's, e muito mais, em linha.
Belo filme
Já saiu da sala de cinema onde se podia ver em Lisboa. É um filme sobre o Corpo, sobre o Amor e também sobre a violência e o poder nas relações conjugais. No original chama-se «En soap», de Pernille Fischer Christensen. Dois magníficos actores: Trine Dyrholm no papel de Charlotte, a rapariga que se separa do marido e vai viver sózinha para um prédio, onde é vizinha de um transexual, Veronica, David Dencik. Um filme a não perder, num dvd perto de si.
15.6.07
14.6.07
«Criação e Mulheres»
Amanhã, 15 de Junho, pelas 17h00, terá lugar no Auditório III da Universidade Aberta a conferência «Criação e Mulheres», onde participarão Eva Löfquist (Universidade de Växjö), com Una Mujer es una Mujer es una Mujer.... , Chatarina Edfeldt (Universidade de Estocolmo), com A História Literária Revisitada: Autoras da Primeira República, Exclusão e Cânone e María Osório (Universidade de Estocolmo) com Mujer y Escritura en el Período Colonial Americano. A organização da conferência pertence ao Mestrado em Estudos sobre as Mulheres da Universidade Aberta (Rua da Escola Politécnica, 147 - Lisboa ).
Génese e Cinema - Parte II
O Feminismo de Anatomia do Inferno
No filme de Catherine Breillat Anatomia do Inferno a narrativa não se apresenta de uma forma fluida. É temporalmente delimitada e circunscrita a cinco noites apenas, que se sucedem através de cortes em que cada uma é anunciada graficamente.
O Encontro
No filme de Catherine Breillat Anatomia do Inferno a narrativa não se apresenta de uma forma fluida. É temporalmente delimitada e circunscrita a cinco noites apenas, que se sucedem através de cortes em que cada uma é anunciada graficamente.
O Encontro
Num lugar onde uma forte energia libidinal se dissemina, onde corpos se roçam, tocam e dançam ao som de música electrónica, está uma mulher. Bela e graciosa nas suas roupas branco e rosa, encostada e amparada por uma parede, perscruta o espaço que a envolve e sente a indiferença e a dor perante a invisibilidade que o seu corpo evoca àqueles que estão em seu redor, homens que se desejam apenas entre si. Nem o seu olhar de afronta, nem o modo como, ao percorrer o espaço, o seu corpo bate com intenção nesses corpos masculinos parece exercer qualquer tipo de reacção apaixonada nesses homens. É o completo desinteresse. Esta é a primeira alegoria de Anatomia do Inferno. Se deixarmos de lado o conteúdo marcadamente (homo)sexual dessas imagens é possível transpô-las para outro contexto social, político e económico. O homem continua, apesar das conquistas do feminismo nas últimas décadas, por todo o mundo a dominar o espaço público. A mulher, essa, é confinada a outros espaços, ao espaço da Casa. E é como iremos ver, no espaço da Casa, e na cama, que a Mulher inicia o Homem. Reside aqui inelutavelmente um dos elementos feministas do filme ao nível do conteúdo.
A Mulher sabe que fora do espaço da discoteca esses homens também têm sexo entre si. Aliás, os segundos iniciais de Anatomia do Inferno correspondem a uma cena de sexo oral explícito entre dois homens num descampado. Pouco depois é na discoteca que o tempo de acção tem lugar. É aqui que a Mulher (Amira Casar) perante a indiferença masculina, e não somente sexual, procura refúgio nos lavabos e decide cortar os pulsos com uma lâmina. É aqui que ele, o Homem (Rocco Siffredi), a impede de completar a tragédia. É assim que se conhecem. O espectro da morte e do sangue serve de mote para a sua apresentação. É ainda neste espaço que decorre um dois diálogos mais reveladores de todo o filme:
Homem: Why did you do that?
Mulher: Because I’m a woman.
Homem: I don’t understand.
Mulher: You understand very well.
Nesta última frase, «you understand very well», tem-se logo um pequeno indício de quem terá efectivamente o poder neste duelo, a Mulher, ela tem o poder derivado do conhecimento. Ela sabe mais que ele.
Depois de saírem da discoteca, o Homem decide levar a Mulher à farmácia para que o seu pulso receba curativo. É depois de saírem deste espaço e caminharem na noite que o acordo entre ambos é estabelecido. Mas antes disto acontecer, e no seguimento da pergunta feita pelo homem, «what do you want to do now?», acontece mais uma cena de sexo oral explicito, desta feita entre a Mulher e o Homem. A expressão da Mulher é de afronta e provocação. Portanto, apesar de tudo indicar que a preferência sexual daquele Homem é dirigida a outros homens ele responde afirmativamente à investida da Mulher. A dúvida fica instalada. É depois desta cena que ela lhe propõe:
Mulher: I’ll pay you.
Homem: To what end?
Mulher: To find out. You don´t like women. You can look at me. I mean, impartially.
Homem: What’s this about?
Mulher: Just that. Watch me where I’m unwatchable. No need to touch me. Just say what you see.
Homem: It’ll cost you a lot.
Mulher: I’ll pay you.
É nestes termos que o acordo é estabelecido. Mais uma vez é a mulher que tem o poder, é ela que propõe o acordo, é ela que paga. Paga para que o Homem veja aquilo que não deve ser visto e que remete indubitavelmente para a nudez feminina, o segredo, para aquilo que em termos religiosos (Livro dos Genesis) é identificado com a obscenidade do corpo feminino. Em Anatomia do Inferno a convenção é pois invertida, ou seja, a personagem do Homem é construída enquanto objecto sexual antes da Mulher.
Catarina Frade Moreira
13.6.07
Poetas urbanos
Fernando Pessoa nasceu em Lisboa a 13 de Junho de 1888. António Variações morreu nesta cidade há 23 anos e Al Berto há 10 anos. Deste último, A Cidade das Mulheres escolheu «Evaporação/ Ilda David» in A Vida Secreta das Imagens, 1984/85, do seu Trabalho Poético 1974-1990, O Medo.
retirou o magro rosto da cinza
cobriu a nudez com o fúlgido temor dos presságios
esmagando sob a língua a crepuscular alfazema
recolheu o negro e húmido resplendor
dos cedros na concha das mãos
e no início da mítica noite ergueu os braços
respirou fundo o quente olor da madressilva
abriu as mãos ao vento derramando
sobre a cabeça a fulva beberagem
quando o hirsuto cabelo ficou atado
no esplêndido halo de água
já a parte ainda humana do seu corpo ascendia
vagarosamente
ao perene bosque solar.
12.6.07
Santo António!
Na Ajuda toda a graça é boa
o aroma de manjerico no ar
aos seus pés, as vistas de Lisboa
com a sardinha a bailar a bailar
O vazio
Uma noite em família... pela última vez, ou, à mesa com os Sopranos, ou ainda vai a negros e esfuma-se... uma visão do NYT pela pena de Alessandra Stanley, sobre o último episódio da série televisiva da HBO. Hoje pode ler-se também um outro artigo no mesmo jornal («TV writers were also watching sopranos» in Arts/NYT)) sobre a transmissão do episódio final e as impressões dos escritores de outras séries (de Lost a Heroes, passando por House) sobre o final dos Sopranos: muito resumidamente, o episódio termina em negros, no vazio absoluto, depois da cena em que a filha que quer ser advogada de direitos humanos, Meadow, passa uma porta e ouve-se a palavra stop na canção «Don’t Stop Believing» (de Journey). Metáfora sobre a decadência da sociedade, e da própria família, os Sopranos vieram revolucionar o modo como se conta uma história em televisão, nomeadamente uma história que deixa sempre o final em aberto. Como a própria realidade.
http://www.nytimes.com/2007/06/11/arts/television/11sopr.html?ex=1339300800&en=2a0e9c9485f7a98d&ei=5124&partner=permalink&exprod=permalink
Impressões da Joalharia
The jewel center of interest is the eye within the eye.
Jack Kerouac
Vai inaugurar no próximo dia 16 de Junho, sábado, na Galeria LS em Nuremberga uma exposição de joalharia contemporânea Portuguesa, «Impressions on Portuguese Contemporary Jewellery», promovida pelo ICEP. A curadora é Cristina Filipe (professora de joalharia no ar.co e uma das fundadoras da PIN - Associação Portuguesa de Joalharia Contemporânea). Entretanto, em Barcelona, inaugurou recentemente a galeria Klimt, onde se apresenta uma selecção de trabalhos dos melhores criadores da joalharia contemporânea internacional.
11.6.07
Histórias de Vida
8.6.07
MODA ESART
O desfile de Moda da ESART realizar-se-á no dia 12 de Junho, terça-feira, pelas 21h30m, no Cine Teatro Avenida, em Castelo Branco, marcando-se assim o encerramento das actividades lectivas da Escola Superior de Artes Aplicadas do IPCB.
Para além dos coordenados dos alunos do 4º ano do curso de Design de Moda e Têxtil, serão apresentadas colecções de Alexandra Moura, Ana Salazar e Filipe Faísca, bem como das marcas Dielmar e Kispo. As colecções serão apresentadas por manequins profissionais, nomeadamente Gonçalo Athias e Isabel Figueira. O cenário do Desfile de Moda da ESART 2007 foi concebido, desenhado e executado pelo escultor José Simão.
Na foto: Alexandra Moura Outono/Inverno 2007/08; arquivo ModaLisboa/Fotografia de Rui Vasco.
7.6.07
Marta
«Gritos Mudos».
A mulher do leme dos Xutos & Pontapés desapareceu hoje. A Cidade das Mulheres escolheu esta música em homenagem a Marta Ferreira.
Agora
Inês Gonçalves e Kiluanje Liberdade lançam logo à noite em Lisboa o livro «Agora Luanda» (das Edições Almedina) e o documentário «Mãe Ju», no Lux-Frágil, com apresentação de Paula Moura Pinheiro e José Eduardo Agualusa. Depois, é a vez dos músicos de Luanda se apresentarem em palco: Gata Agressiva, Puto Português e Nakobeta.
6.6.07
Joëlle
Švankmajer + Joëlle Léandre
A contrabaixista francesa Joëlle Léandre vai estar presente em Lisboa no dia 11 de Agosto, pelas 15h30, para um solo, na próxima edição do Jazz em Agosto da Fundação Calouste Gulbenkian.
Artistas Mulheres – Três Vozes
Parte V
A pianista Irène Schweizer (n.1941, Suiça) tocou em duo com o baterista Pierre Favre [no Jazz em Agosto 2005], em Lisboa. Conheci-a durante o ensaio dos dois músicos, e aproveitei um pequeno intervalo entre o final do ensaio e o início do concerto [Grande Auditório da Fundação Calouste Gulbenkian, a 7 de Agosto 2005, 18h30] para uma conversa com a instrumentista, cuja biografia relata a sua participação na Feminist Improvising Group, nos anos 70. Irène Schweizer toca no entanto com vários músicos desde os anos 60, numa época em que era a única mulher a tocar jazz, buscando a sua própria criatividade, o seu estilo, e criando a sua música de um modo muito individual. E comecei por querer saber como é um dia passado na vida de uma mulher instrumentista de jazz.
Se me pudesse descrever um dos seus dias...?
Todos os dias são diferentes. Se é Verão não tenho muitos concertos, acordo e vou fazer compras, vou ao mercado, depois tenho por vezes um ensaio de tarde com alguns músicos e às vezes vou passear no bosque ou vou nadar no lago…
Em Zurique há um grande lago na cidade onde se pode nadar. No Inverno tenho mais coisas para fazer. Tenho de fazer trabalho de escritório [Intakt Records, Zurique] para os meus próprios concertos e sou eu que faço tudo. Tenho de mandar e-mails, telefonar, e todo o trabalho administrativo
E toca todos os dias?
Não. No Inverno, de Novembro até Abril, Maio tenho muitos concertos na Suiça, na Europa e no Verão há menos, portanto, estou mais em casa.
Mas toca normalmente com diferentes músicos?
Sim, toco com músicos locais na Suiça, também actuo com muitos percussionistas - europeus, americanos. E faço parte de um trio feminino, Les Diaboliques. É um trio feminino com a Joëlle Léandre [um dos nomes do cartaz do Jazz em Agosto 07], uma contrabaixista de Paris e a Maggie Nichols, uma vocalista inglesa.
O que está por trás da sua música e da sua escolha de reportório?
Bem, depende. A escolha de reportório depende das pessoas com quem eu toco. Por exemplo, com este trio feminino, improvisamos, improviso total. Não temos reportório, melodias, nada. Juntamo-nos e tocamos e ouvimo-nos umas às outras, mas já nos conhecemos há 20 anos. E com o Pierre [Favre], que eu conheço há ainda mais tempo - já tocamos juntos há 30 anos - é mais como um idioma jazz. Tocamos músicas, às vezes as minhas, às vezes tocamos músicas americanas, como o Thelonious Monk e o Doc Terry, portanto tudo depende de com quem eu esteja a tocar. Varia, porque o meu passado musical não é clássico, o meu passado musical é jazz, eu comecei com jazz. Ou seja, eu não venho do lado clássico.
Quando é que começou a ouvir música jazz?
No final dos anos 50, início dos anos 60, depois fui para Londres aprender Inglês, fiquei a conhecer músicos lá em Inglaterra e toquei com muitos músicos diferentes.
Mas o instrumento que escolheu, com o qual começou, foi o piano?
Não, não foi o piano, foi o acordeão. Eu comecei com o acordeão, tocava música folclórica suiça.
E depois foi aprender piano?
Piano, com 12 anos. E também toquei bateria. Era o meu instrumento hobby, adoro tocar bateria, toquei com muitos músicos diferentes na Suiça. Agora não tanto, porque não pratico. Quando há ocasião toco bateria. Não sou percussionista, mas sei tocar e adoro tocar bateria.
Compõe ao piano?
Eu não componho, não escrevo música. Componho no instante, estou sempre a compor.
A peça é sempre nova…?
É claro que há algum material ao qual sempre se volta quando se toca, mas não é uma composição fixa, que eu toque sempre da mesma maneira, é sempre diferente, muda sempre, depende de onde é tocada, com quem eu toco, por isso pode sempre mudar. Há algum material musical que se usa sempre, mas não é uma composição escrita.
A música que toca e improvisa é representativa da mulher que a Irene é?
Sou eu, mas eu acho que a música não tem género, é neutra.
Fale-me do seu grupo feminista de improvisação, o Feminist Improvising Group, e daquilo que esteve na fundação deste grupo e quais as necessidades para a sua fusão nos anos 70?
Nos anos 70 o movimento de libertação da mulher era muito forte, as mulheres queriam libertar-se e eu pertencia ao movimento de libertação das mulheres em Zurique. Já era uma música profissional e só tocava com homens. Um dia conheci a Lindsay Cooper, uma saxofonista londrina e ela teve a ideia de formar um grupo só de mulheres e convidou-me para o grupo. Já havia três mulheres inglesas: a Maggie, a Lindsay Cooper e a Georgie Born já tinham começado em Inglaterra e convidaram-me a entrar no grupo e havia ainda uma holandesa, que tocava trombone. Então começámos, o grupo Improviso Feminista nos anos 70.
Qual era a afirmação principal do grupo?
Havia milhares e milhares de grupos masculinos, nunca ninguém pensa nisso…queríamos provocar e queríamos fazer a mesma coisa, inverter tudo, fundar um grupo só de mulheres, porque isso não existia antes, um grupo musical só de mulheres, só havia milhares e milhares de grupos totalmente masculinos no mundo. Então queríamos virar tudo do avesso, provocar, com um grupo totalmente feminino, para definir a nossa posição, como feministas e como músicas.
E qual foi o resultado?
Bem, as mulheres adoraram, claro, iam sempre assistir aos nossos concertos, os músicos homens, alguns pensavam que era fantástico o que nós fazíamos, alguns ajudavam-nos, encorajavam-nos, outros pensavam «Que é isto? Porque é que elas só tocam com mulheres? Elas não sabem tocar, são horríveis, a música é horrível, porque é que os organizadores as contrataram? Elas nem sequer sabem tocar». Era um pouco de tudo.
Mas diziam que era horrível porque era de mulheres, ou era horrível porque era música improvisada?
As duas coisas. Era improvisada e muito provocadora e era esse o nosso objectivo, a nossa intenção.
Então obtiveram sucesso, ao alcançar essa intenção do grupo de provocar?
E fomos convidadas para uma série de organizações e festivais feministas que queriam sempre que nós fossemos lá e tocássemos. A Itália tinha um grande movimento de libertação das mulheres e nós éramos muitas vezes convidadas pelo Partido Comunista Italiano nos anos 70. Contratavam-nos imenso, porque as mulheres eram muito fortes em Itália.
Isto é então o que resta deste trio, Joëlle, Maggie e eu. A Joëlle veio depois…
Les Diaboliques?
Sim, Les Diaboliques, com a Joëlle, foi o que restou, porque toda a gente seguiu por caminhos diferentes e tocávamos em grupos mistos.
Mas tocaram durante os anos 80, ou só nos anos 70?
Nos anos 70, talvez um pouco no início dos anos 80.
Porque depois do Grupo de Improviso Feminista…
Ah, sim, havia este grupo de improviso feminino porque éramos também convidadas para tocar em grandes festivais, festivais de jazz e mudámos o nome para European Women Improvising Group (Grupo de Improviso de Mulheres Europeias), abreviado significa EWIG e na Alemanha isto quer dizer provocador.
Este grupo fazia parte de um movimento maior das mulheres na arte, ou as mulheres músicas estavam num lado e as das artes visuais noutro lado? Havia alguma mistura entre os grupos, nesta cena provocadora das mulheres nos anos 70?
Eu penso que tudo era separado. A música, o nosso tipo de música era diverso das artes visuais, da dança, das bailarinas, das artes de performance, era muito diverso e separado.
A sua música expõe tensões ou sentimentos? Que tipo de material é que explora na sua música?
No palco?... Bom, é difícil explicar. Quando estou a tocar com o Pierre [Favre] nós ouvimo-nos um ao outro e começamos em lado nenhum e tentamos construir algo do nada, às vezes isso acontece muito depressa, às vezes temos de esperar até que aconteça, deixamos que isso flua e cresça.
E explora ambiências diferentes – indo de uma ambiência de raiva para uma de amor, uma espécie de história em diferentes etapas? O que vai na sua cabeça quando toca?
Essa é uma questão muito difícil, muito difícil de responder em palavras.
Hoje em dia é uma feminista?
Sim, sou.
E tenho uma última questão - onde coloca o enfâse na sua música?
Quando toco?
Sim.
Em criar algo belo, algo útil, em criar algo para mim e para o público.
(«Mulheres Artistas – Três Vozes», um trabalho realizado no âmbito do seminário «Imagens da Mulher na Arte Contemporânea» de «Estudos sobre a mulher» da FCSH/UNL - Continua: Partes IV em 22.05.07, III em 10.05.07, II em 2.05.07, I em 18.04.07.)
A pianista Irène Schweizer (n.1941, Suiça) tocou em duo com o baterista Pierre Favre [no Jazz em Agosto 2005], em Lisboa. Conheci-a durante o ensaio dos dois músicos, e aproveitei um pequeno intervalo entre o final do ensaio e o início do concerto [Grande Auditório da Fundação Calouste Gulbenkian, a 7 de Agosto 2005, 18h30] para uma conversa com a instrumentista, cuja biografia relata a sua participação na Feminist Improvising Group, nos anos 70. Irène Schweizer toca no entanto com vários músicos desde os anos 60, numa época em que era a única mulher a tocar jazz, buscando a sua própria criatividade, o seu estilo, e criando a sua música de um modo muito individual. E comecei por querer saber como é um dia passado na vida de uma mulher instrumentista de jazz.
Se me pudesse descrever um dos seus dias...?
Todos os dias são diferentes. Se é Verão não tenho muitos concertos, acordo e vou fazer compras, vou ao mercado, depois tenho por vezes um ensaio de tarde com alguns músicos e às vezes vou passear no bosque ou vou nadar no lago…
Em Zurique há um grande lago na cidade onde se pode nadar. No Inverno tenho mais coisas para fazer. Tenho de fazer trabalho de escritório [Intakt Records, Zurique] para os meus próprios concertos e sou eu que faço tudo. Tenho de mandar e-mails, telefonar, e todo o trabalho administrativo
E toca todos os dias?
Não. No Inverno, de Novembro até Abril, Maio tenho muitos concertos na Suiça, na Europa e no Verão há menos, portanto, estou mais em casa.
Mas toca normalmente com diferentes músicos?
Sim, toco com músicos locais na Suiça, também actuo com muitos percussionistas - europeus, americanos. E faço parte de um trio feminino, Les Diaboliques. É um trio feminino com a Joëlle Léandre [um dos nomes do cartaz do Jazz em Agosto 07], uma contrabaixista de Paris e a Maggie Nichols, uma vocalista inglesa.
O que está por trás da sua música e da sua escolha de reportório?
Bem, depende. A escolha de reportório depende das pessoas com quem eu toco. Por exemplo, com este trio feminino, improvisamos, improviso total. Não temos reportório, melodias, nada. Juntamo-nos e tocamos e ouvimo-nos umas às outras, mas já nos conhecemos há 20 anos. E com o Pierre [Favre], que eu conheço há ainda mais tempo - já tocamos juntos há 30 anos - é mais como um idioma jazz. Tocamos músicas, às vezes as minhas, às vezes tocamos músicas americanas, como o Thelonious Monk e o Doc Terry, portanto tudo depende de com quem eu esteja a tocar. Varia, porque o meu passado musical não é clássico, o meu passado musical é jazz, eu comecei com jazz. Ou seja, eu não venho do lado clássico.
Quando é que começou a ouvir música jazz?
No final dos anos 50, início dos anos 60, depois fui para Londres aprender Inglês, fiquei a conhecer músicos lá em Inglaterra e toquei com muitos músicos diferentes.
Mas o instrumento que escolheu, com o qual começou, foi o piano?
Não, não foi o piano, foi o acordeão. Eu comecei com o acordeão, tocava música folclórica suiça.
E depois foi aprender piano?
Piano, com 12 anos. E também toquei bateria. Era o meu instrumento hobby, adoro tocar bateria, toquei com muitos músicos diferentes na Suiça. Agora não tanto, porque não pratico. Quando há ocasião toco bateria. Não sou percussionista, mas sei tocar e adoro tocar bateria.
Compõe ao piano?
Eu não componho, não escrevo música. Componho no instante, estou sempre a compor.
A peça é sempre nova…?
É claro que há algum material ao qual sempre se volta quando se toca, mas não é uma composição fixa, que eu toque sempre da mesma maneira, é sempre diferente, muda sempre, depende de onde é tocada, com quem eu toco, por isso pode sempre mudar. Há algum material musical que se usa sempre, mas não é uma composição escrita.
A música que toca e improvisa é representativa da mulher que a Irene é?
Sou eu, mas eu acho que a música não tem género, é neutra.
Fale-me do seu grupo feminista de improvisação, o Feminist Improvising Group, e daquilo que esteve na fundação deste grupo e quais as necessidades para a sua fusão nos anos 70?
Nos anos 70 o movimento de libertação da mulher era muito forte, as mulheres queriam libertar-se e eu pertencia ao movimento de libertação das mulheres em Zurique. Já era uma música profissional e só tocava com homens. Um dia conheci a Lindsay Cooper, uma saxofonista londrina e ela teve a ideia de formar um grupo só de mulheres e convidou-me para o grupo. Já havia três mulheres inglesas: a Maggie, a Lindsay Cooper e a Georgie Born já tinham começado em Inglaterra e convidaram-me a entrar no grupo e havia ainda uma holandesa, que tocava trombone. Então começámos, o grupo Improviso Feminista nos anos 70.
Qual era a afirmação principal do grupo?
Havia milhares e milhares de grupos masculinos, nunca ninguém pensa nisso…queríamos provocar e queríamos fazer a mesma coisa, inverter tudo, fundar um grupo só de mulheres, porque isso não existia antes, um grupo musical só de mulheres, só havia milhares e milhares de grupos totalmente masculinos no mundo. Então queríamos virar tudo do avesso, provocar, com um grupo totalmente feminino, para definir a nossa posição, como feministas e como músicas.
E qual foi o resultado?
Bem, as mulheres adoraram, claro, iam sempre assistir aos nossos concertos, os músicos homens, alguns pensavam que era fantástico o que nós fazíamos, alguns ajudavam-nos, encorajavam-nos, outros pensavam «Que é isto? Porque é que elas só tocam com mulheres? Elas não sabem tocar, são horríveis, a música é horrível, porque é que os organizadores as contrataram? Elas nem sequer sabem tocar». Era um pouco de tudo.
Mas diziam que era horrível porque era de mulheres, ou era horrível porque era música improvisada?
As duas coisas. Era improvisada e muito provocadora e era esse o nosso objectivo, a nossa intenção.
Então obtiveram sucesso, ao alcançar essa intenção do grupo de provocar?
E fomos convidadas para uma série de organizações e festivais feministas que queriam sempre que nós fossemos lá e tocássemos. A Itália tinha um grande movimento de libertação das mulheres e nós éramos muitas vezes convidadas pelo Partido Comunista Italiano nos anos 70. Contratavam-nos imenso, porque as mulheres eram muito fortes em Itália.
Isto é então o que resta deste trio, Joëlle, Maggie e eu. A Joëlle veio depois…
Les Diaboliques?
Sim, Les Diaboliques, com a Joëlle, foi o que restou, porque toda a gente seguiu por caminhos diferentes e tocávamos em grupos mistos.
Mas tocaram durante os anos 80, ou só nos anos 70?
Nos anos 70, talvez um pouco no início dos anos 80.
Porque depois do Grupo de Improviso Feminista…
Ah, sim, havia este grupo de improviso feminino porque éramos também convidadas para tocar em grandes festivais, festivais de jazz e mudámos o nome para European Women Improvising Group (Grupo de Improviso de Mulheres Europeias), abreviado significa EWIG e na Alemanha isto quer dizer provocador.
Este grupo fazia parte de um movimento maior das mulheres na arte, ou as mulheres músicas estavam num lado e as das artes visuais noutro lado? Havia alguma mistura entre os grupos, nesta cena provocadora das mulheres nos anos 70?
Eu penso que tudo era separado. A música, o nosso tipo de música era diverso das artes visuais, da dança, das bailarinas, das artes de performance, era muito diverso e separado.
A sua música expõe tensões ou sentimentos? Que tipo de material é que explora na sua música?
No palco?... Bom, é difícil explicar. Quando estou a tocar com o Pierre [Favre] nós ouvimo-nos um ao outro e começamos em lado nenhum e tentamos construir algo do nada, às vezes isso acontece muito depressa, às vezes temos de esperar até que aconteça, deixamos que isso flua e cresça.
E explora ambiências diferentes – indo de uma ambiência de raiva para uma de amor, uma espécie de história em diferentes etapas? O que vai na sua cabeça quando toca?
Essa é uma questão muito difícil, muito difícil de responder em palavras.
Hoje em dia é uma feminista?
Sim, sou.
E tenho uma última questão - onde coloca o enfâse na sua música?
Quando toco?
Sim.
Em criar algo belo, algo útil, em criar algo para mim e para o público.
(«Mulheres Artistas – Três Vozes», um trabalho realizado no âmbito do seminário «Imagens da Mulher na Arte Contemporânea» de «Estudos sobre a mulher» da FCSH/UNL - Continua: Partes IV em 22.05.07, III em 10.05.07, II em 2.05.07, I em 18.04.07.)
Cristina L. Duarte
5.6.07
Génese e Cinema - Parte I
Génese: a relação Mulher/Homem no universo de Catherine Breillat.
O Feminismo e a Pornografia na «Anatomia do Inferno»
O Feminismo e a Pornografia na «Anatomia do Inferno»
Por Catarina Frade Moreira
Catherine Breillat é uma realizadora polémica e não consensual, acusada pela crítica de fazer filmes demasiado teóricos e intelectuais. O seu mais recente filme, «Anatomia do Inferno» (2004), exibido em Portugal[1] na 5ª edição da Festa do Cinema Francês, é talvez o seu filme mais controverso não tanto pela forma, na sua exploração de uma imagética onde o sexo e a sexualidade são filmados de perto em despudorados e intensos close-ups, mas sobretudo pelo seu conteúdo argumentativo/simbólico, pela tentativa de desafiar mitos e verdades cristalizadas nas culturas ocidentais e não ocidentais, pelo olhar que lança sobre a relação mulher/homem, pela causa que aponta como responsável pela opressão da mulher e pela solução que defende para o conflito entre os sexos.
Dificilmente se gosta de um filme como «Anatomia do Inferno», pelo menos imediatamente a seguir ao seu visionamento. Não se trata de um filme feito para gostar, pois o gostar geralmente implica que se está perante um filme fácil, de rápida absorção e esquecimento, que não incomoda, que não faz mossa. E este filme fá-la, e com estrondo. E pelo que me foi dado a observar as reacções mais violentas a este filme são reverberadas por homens. Catherine Breillat é assim acusada de odiar os homens e de tê-los apresentado neste seu filme, na figura de Rocco Siffredi, como misóginos. O facto de serem os homens a revoltarem-se contra «Anatomia do Inferno» é muito interessante. E merece ser examinado. E isto acontece quando a própria realizadora afirma que este não é um filme feminista e que pela primeira vez, num dos seus filmes, a sua própria identificação dá-se não com a personagem feminina, mas sim com a masculina. São pois estas questões que merecem a minha análise. Uma análise que será sempre subjectiva, intrínseca à minha condição de mulher e feminista. Assim, por um lado, importa perceber que traços, no conteúdo e na forma/estrutura, permitem (ou não) suportar a tese de que «Anatomia do Inferno» constitui um filme plausível de ser resgatado pelo feminismo. Por outro lado, e dado que este filme foi qualificado por segmentos da crítica como pornográfico, interessa apurar se o conteúdo sexualmente explícito de «Anatomia do Inferno» é passível de contrariar o seu cunho feminista. Este filme serve por fim de mote para discutir o modo como dentro do feminismo não existe uma postura homogénea e una face à pornografia.
Trata-se assim de um filme para pensar, para ser dissecado repetidas vezes. Em todas elas é possível encontrar novos elementos tendentes a uma mais completa apreciação e reconhecimento. Depois sim, depois deste ardiloso trabalho, pode dizer-se que se gosta. Foi o que me aconteceu.
Catherine Breillat é uma realizadora polémica e não consensual, acusada pela crítica de fazer filmes demasiado teóricos e intelectuais. O seu mais recente filme, «Anatomia do Inferno» (2004), exibido em Portugal[1] na 5ª edição da Festa do Cinema Francês, é talvez o seu filme mais controverso não tanto pela forma, na sua exploração de uma imagética onde o sexo e a sexualidade são filmados de perto em despudorados e intensos close-ups, mas sobretudo pelo seu conteúdo argumentativo/simbólico, pela tentativa de desafiar mitos e verdades cristalizadas nas culturas ocidentais e não ocidentais, pelo olhar que lança sobre a relação mulher/homem, pela causa que aponta como responsável pela opressão da mulher e pela solução que defende para o conflito entre os sexos.
Dificilmente se gosta de um filme como «Anatomia do Inferno», pelo menos imediatamente a seguir ao seu visionamento. Não se trata de um filme feito para gostar, pois o gostar geralmente implica que se está perante um filme fácil, de rápida absorção e esquecimento, que não incomoda, que não faz mossa. E este filme fá-la, e com estrondo. E pelo que me foi dado a observar as reacções mais violentas a este filme são reverberadas por homens. Catherine Breillat é assim acusada de odiar os homens e de tê-los apresentado neste seu filme, na figura de Rocco Siffredi, como misóginos. O facto de serem os homens a revoltarem-se contra «Anatomia do Inferno» é muito interessante. E merece ser examinado. E isto acontece quando a própria realizadora afirma que este não é um filme feminista e que pela primeira vez, num dos seus filmes, a sua própria identificação dá-se não com a personagem feminina, mas sim com a masculina. São pois estas questões que merecem a minha análise. Uma análise que será sempre subjectiva, intrínseca à minha condição de mulher e feminista. Assim, por um lado, importa perceber que traços, no conteúdo e na forma/estrutura, permitem (ou não) suportar a tese de que «Anatomia do Inferno» constitui um filme plausível de ser resgatado pelo feminismo. Por outro lado, e dado que este filme foi qualificado por segmentos da crítica como pornográfico, interessa apurar se o conteúdo sexualmente explícito de «Anatomia do Inferno» é passível de contrariar o seu cunho feminista. Este filme serve por fim de mote para discutir o modo como dentro do feminismo não existe uma postura homogénea e una face à pornografia.
Trata-se assim de um filme para pensar, para ser dissecado repetidas vezes. Em todas elas é possível encontrar novos elementos tendentes a uma mais completa apreciação e reconhecimento. Depois sim, depois deste ardiloso trabalho, pode dizer-se que se gosta. Foi o que me aconteceu.
[1] Algumas das cenas de exterior de Anatomia do Inferno foram filmadas em Portugal, em Lisboa, sendo possível reconhecer o Miradouro de São Pedro de Alcântara com o Castelo de São Jorge ao fundo, o Martim Moniz... É portuguesa também a nacionalidade de grande parte da equipa técnica e actrizes/actores secundárias(o)s.
Dia Mundial do Ambiente
Se eu fosse um golfinho
Quando eu nasci os meus tios mais novos viviam com os meus pais.
Vivíamos perto de uma baia muito calma. Eu passava os dias a brincar com os meus primos. As nossas brincadeiras favoritas eram estas: nadarmos muito depressa de um lado ao outro, sem vir ao de cima uma única vez e a outra, que era a minha preferida, era saltarmos para fora de água fazendo piruetas. O jogo era ver quem saltava mais alto e eu ganhava quase sempre.
O meu pai e tios contavam-nos histórias sobre salvamentos que tinham feito, perigos que tinham acontecido. Diziam que estávamos proibidos de sair da baia porque éramos muito novos e havia muitos perigos no mar que não conhecíamos.
Eu sonhava com aventuras como as que o meu pai contava, queria conhecer outros mares. Então um dia decidi ir ver o que havia para lá da baia. Os meus primos não quiseram ir, tinham medo. Combinámos que eles não diziam nada a ninguém e eu estava de volta a hora do jantar. Quanto mais longe eu ia, mais forte eram as correntes, o mar era mais escuro e metia medo. Passado algum tempo ouvi um barulho muito estranho. Quando espreitei, vi uma coisa a andar em cima da água muito depressa e fazia muito barulho. De repente, virou e vinha para cima de mim a grande velocidade. Fiquei muito assustada, não sabia o que fazer, mergulhei o mais fundo que consegui e fiquei lá. Quando já estava a pensar que o perigo tinha passado, começo a ver uma sombra muito grande ao longe e cada vez se aproximava mais e ficava maior. Pensei que ia morrer, comecei a nadar muito, o mais depressa que conseguia, a água ficou mais calma e mais clara. Já estava outra vez na baía. Os meus primos quando me viram, não pararam de me fazer perguntas sobre o que tinha visto, o que tinha feito. Eu não lhes disse a verdade, disse-lhes que não tinha visto nada que interessasse e que era muito mais divertido ficar ali na baía a brincar. Decidi que era melhor esperar ser adulta e começar a fazer essas aventuras com alguém que conhecesse o mar e os seus perigos.
Vivíamos perto de uma baia muito calma. Eu passava os dias a brincar com os meus primos. As nossas brincadeiras favoritas eram estas: nadarmos muito depressa de um lado ao outro, sem vir ao de cima uma única vez e a outra, que era a minha preferida, era saltarmos para fora de água fazendo piruetas. O jogo era ver quem saltava mais alto e eu ganhava quase sempre.
O meu pai e tios contavam-nos histórias sobre salvamentos que tinham feito, perigos que tinham acontecido. Diziam que estávamos proibidos de sair da baia porque éramos muito novos e havia muitos perigos no mar que não conhecíamos.
Eu sonhava com aventuras como as que o meu pai contava, queria conhecer outros mares. Então um dia decidi ir ver o que havia para lá da baia. Os meus primos não quiseram ir, tinham medo. Combinámos que eles não diziam nada a ninguém e eu estava de volta a hora do jantar. Quanto mais longe eu ia, mais forte eram as correntes, o mar era mais escuro e metia medo. Passado algum tempo ouvi um barulho muito estranho. Quando espreitei, vi uma coisa a andar em cima da água muito depressa e fazia muito barulho. De repente, virou e vinha para cima de mim a grande velocidade. Fiquei muito assustada, não sabia o que fazer, mergulhei o mais fundo que consegui e fiquei lá. Quando já estava a pensar que o perigo tinha passado, começo a ver uma sombra muito grande ao longe e cada vez se aproximava mais e ficava maior. Pensei que ia morrer, comecei a nadar muito, o mais depressa que conseguia, a água ficou mais calma e mais clara. Já estava outra vez na baía. Os meus primos quando me viram, não pararam de me fazer perguntas sobre o que tinha visto, o que tinha feito. Eu não lhes disse a verdade, disse-lhes que não tinha visto nada que interessasse e que era muito mais divertido ficar ali na baía a brincar. Decidi que era melhor esperar ser adulta e começar a fazer essas aventuras com alguém que conhecesse o mar e os seus perigos.
Maria C.
Aluna do 3ºAno do 1ºCiclo.
Irrepetível
4.6.07
«Filmes de Mulheres»
A primeira parte da retrospectiva integral da obra cinematográfica de Rainer W.Fassbinder chega ao fim este mês na Cinemateca Portuguesa - Museu do Cinema (o programa dedicado ao realizador alemão prosseguirá em Outubro e Novembro próximos). Hoje à noite, pelas 21h30, passará «Angst Essen Seele Auf»/ O medo come a alma, de 1973, com legendas em português. A retrospectiva da Cinemateca segue a divisão da obra de Fassbinder em capítulos, à semelhança da metodologia proposta no livro de Christian Braad Thomsen: «Séries Televisivas», «Filmes de Mulheres», «Filmes em Vídeo», «Exigir sem Amar» e «Perda de Identidade». Amanhã, terça-feira, dia 5 de Junho, pelas 19h30, prosseguem os «Filmes de Mulheres», com «All that heaven allows»/O que o céu permite (1955), de Douglas Sirk , o filme a partir do qual Fassbinder fará um remake peculiar, «O medo come a alma»: «nos filmes de Douglas Sirk as mulheres pensam. Isto é algo que jamais notei no trabalho de outros realizadores» (Rainer W.Fassbinder); quarta-feira, dia 6, às 21h30, «Fontane Effi Briest»/Amor e Preconceito, 1974, de Rainer W.Fassbinder; sexta-feira, dia 8, 22h00, «Martha», 1973, Rainer W.Fassbinder; e segunda-feira, dia 11 de Junho, «Gaslight»/ Meia Luz, 1944, de George Cukor. Este filme foi um dos pontos de partida de «Martha», focando-se nele o tema da dominação e da manipulação da mulher pelo marido, integrando por isso o ciclo dedicado ao realizador alemão (ciclo em colaboração com a Fundação Fassbinder, Berlim, e o Goethe Institut).
2.6.07
1.6.07
Neste dia
A actriz Marilyn Monroe nascia a 1 de Junho de 1926 em Los Angeles, com o nome Norma Jeane Mortensen.
Dia 1 de Junho de 1968 morria nos Estados Unidos da América, na sua casa em Westport, a autora e conferencista Helen Keller, símbolo de coragem, que conseguiu um grau universitário apesar de ser cega e surda desde a sua infância.
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