19.1.09

Dias cinzentos (I)

No sábado passado desapareceu Tereza Coelho, um nome que sempre me habituei a ler, nos jornais, ou nos livros. De tudo o que ela foi, nome das letras, jornalista e crítica literária, escritora, editora, queria aqui salientar o seu papel na divulgação dos criadores de moda portugueses e portanto na interpretação das novas linguagens de moda que eram frescas no dealbar da década de 80.

Tereza Coelho escreveu com Assunção Avillez um dos livros - durante muito tempo o único - importantes para se estudar o fenómeno da moda em Portugal, já que inventaria os seus vários sectores/protagonistas, desde 1960, até aos anos 80, tendo sido publicado em Novembro de 1987, pelas edições Rolim.
Como conta Ana Salazar, «É nos anos 80 que surgem os primeiros jornalistas de moda, que vindos da área da psicologia ou da sociologia, oferecem um discurso inovador. É o caso de Alexandre Melo, crítico de arte no Expresso e de Tereza Coelho que escrevem vários artigos extremamente interessantes sobre o meu trabalho. (...)». [in Cristina L. Duarte, Ana Salazar - Uma biografia ilustrada, Novembro 2002, Temas e Debates].
Tereza Coelho foi a primeira directora da Elle, em Portugal, revista que foi aqui lançada em 1988; fez parte da equipa fundadora do Público, de onde saiu para o semanário Independente, onde dirigiu a revista «Livros», mais tarde transformada em «Os Meus Livros». Era editora nas Publicações Dom Quixote, e escreveu com Rui Cardoso Martins o argumento para uma longa-metragem, Duas Mulheres, neste momento em rodagem, com realização de João Mário Grilo.
Tereza nasceu a 2 de Março de 1959, em Quelimane, Moçambique, vindo para Portugal quando tinha 14 anos. Viveu na Figueira da Foz e depois em Lisboa, onde se formou em Línguas e Literatura, na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa.

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