Pois que ao sabor do vento gira o vosso moinho,
Ide, ide, ó humanos, onde vos leva o vento;
Na humana comédia actuai com talento,
Que eu por mim não vos sigo no vosso caminho.
Não acrediteis, porém, que actuando sózinho,
Vos guardo azedume ou ressentimento,
Se velho me tornaste prematuramente,
Poucos de vós são bons - inda menos mesquinhos.
Vivamos nós à sombra, ó minha bela amada,
Que entre nós o amor jamais tenha idade,
Que de nós digam, à nossa partida,
El's jamais conheceram desejo ou receio,
Eis o verde jardim, onde ambos em vida
Se sorriram, conversando em sereno enleio.
À águia que está à porta do castelo de Nohant
Alfred de Musset a Georges Sand, Agosto de 1833 (in Alfred de Musset e Georges Sand, Cartas de Amor, Relógio de Água, Lisboa, 2001).
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