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9.3.07
A Cidade das Mulheres está presente na ModaLisboa, instalada durante quatro dias num espaço com as teias da memória e da ciência em jogo: o Museu Nacional de História Natural, um amplo edíficio, espaço museológico característico da Europa do século XVIII, e que começou por ser guardião do património natural proveniente de muitas colecções dispersas pelas chamadas «salas de curisosidade» da grande burguesia e dos aristocratas cultos.
História(s) à parte, aqui ficam algumas das primeiras impressões registadas segundo cores, formas, detalhes visíveis na colecção de Alexandra Moura (n. Lisboa, 1973), que prossegue nesta luta de desenvolver uma etiqueta de autora desde 2002 (a sua primeira colecção remonta à 18ªedição, e destinava-se ao Outono/Inverno 2002/03).
Sentada na primeira fila, espreitando lá para a frente, são muitos os metros que me distanciam da saída dos bastidores, de onde, uma a uma, um a um, saem os manequins. Não é bem a conta gotas, mas segundo um ritmo cadenciado pela música, uma parte tão importante do desfile, como a manequim, a maquilhagem, os cabelos ou a cenografia da própria passerelle (aqui assinada por Miguel Vieira Baptista). Existe um tempo dado pela banda sonora e por tudo o que está dentro dela, que explica a razão porque estamos ali – e aqui. Nesta 28ªedição dirigida ao Outono/Inverno 2007/08 a Alexandra deixou-se levar pela anatomia humana e explorou os efeitos de volumetria nos materiais (micro fibra,algodão, lã, seda, fibra inteligente em ombreiras) e nas texturas escolhidas para mimeticamente representar o que de mais belo se inventou até hoje: o corpo humano. Iluminou-a uma paleta de vários tons, como os cremes, os pretos, os cinzentos, inundados com pontos amarelos. Desde o início do seu trabalho que esta criadora aposta na paridade dentro de cada colecção, pois desenvolve sempre homem e mulher, dentro de uma mesma linguagem, onde sobressaiem as linhas suaves, calmas, drapeadas ou cruzadas, ensaiando sempre o jogo das formas através da descocalização das partes (de fracções do vestuário). «Para um novo código genético com um propósito específico», lê-se na descrição da presente colecção (in http://www.modalisboa.pt/).
A correspondência da moda (em texto e imagem) continua aqui na cidade das mulheres logo que possível. Segue-se o restante calendário para 9 de Março: Nuno Gama, 19h00; Filipe Faísca, 20h00; Lion of Porches, 19h00; e a terminar o dia Ana Salazar, 22h00.
A apresentação Oficial das Colecções dos Criadores Portugueses é uma organização conjunta da Câmara Municipal de Lisboa e da Associação ModaLisboa. Evento realizado em parceria com o ICEP Portugal ao abrigo do projecto Internacionalização da Moda apoiado pelo PRIME.
Cristina L. Duarte
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