«No longo processo de sacralização do corpo como valor exponencial, do corpo funcional, isto é, que deixa de ser "carne" à maneira do que sucede na visão religiosa, e força de trabalho como aconteceu na lógica industrial, sendo retomado na sua materialidade (ou na respectiva idealidade "visível") como objecto de culto narcisista ou como elemento de táctica e de ritual social - a beleza e o erotismo constituem dois motivos condutores de grande importância.
São inseparáveis e estabelecem por si sós a nova ética da relação ao corpo. Válidos tanto para o homem como para a mulher, diferenciam-se no entanto no pólo feminino e no pólo masculino. (...) O modelo feminino, contudo, detém uma espécie de prioridade, constituindo como que o esquema director de uma nova ética (...).
A beleza tornou-se para a mulher imperativo absoluto e religioso. Ser bela deixou de ser efeito da natureza e suplemento das qualidades morais.»
A Sociedade de Consumo, Edições 70, Lisboa, 1981.
Jean Baudrillard n. Reims 20.06.1929 - f. Paris 6.03.2007
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