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14.3.07
Parte IV
O dia apresentava-se claro e luminoso para receber a nova colecção algo futurista de Ricardo Dourado (n.Cabeceiras de Basto, 1980), a que resolveu chamar «dresses for rain». Não foi o único designer a inspirar-se no corte masculino com raízes na indumentária do séc.XVI, a que juntou os ambientes de um passado muito mais próximo, os finais dos anos 80 e o ar desportivo dos anos 90, «tudo em estreita ligação a um futuro de ambientes mais industriais, tecnológicos, sombrios por natureza.» Propôs assim a rua, a noite, o movimento e a liberdade como a moldura conceptual para uma apropriação da aparência, consoante um léxico de materiais (vários tipos de algodões com induções; lã; plástico / holograma), de cores (azul noite em duas derivações; preto; cinza; apontamento hipercolorido), de volumes em contraste/sobreposições, e efeitos estruturais e/ou gráficos.
Depois de Dourado, tivémos em passerelle a colecção de Ricardo Preto, «I could live forever», cujas peças podem, segundo ele, «viver em grupo, em dupla ou passar a vida sozinhas – são volumes exagerados que acabam abruptamente agarrados ao corpo. Silhuetas conturbadas à beira do desmaio. Amarelos, azul marinho, verdes, castanho e preto em materiais como as fazendas, a caxemira, o pêlo sintético, o algodão, o jersey e as lãs». Preto integrou a plataforma Lab da ModaLisboa há um ano e conta já com muitos fãs. Muito interessantes os toucados das manequins, uma espécie de turbantes estilizado (com a pequena máquina fotográfica presa nas voltas do lenço), bem como alguns dos seus pormenores, como os favos gigantes em vestidos e em mangas, e o seu jogo de cores. (Continua)
Cristina L. Duarte
Fotografia: Rui Vasco/ Arquivo ModaLisboa
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